No terceiro dia do 3º Fórum Permanente de Pessoas Afrodescendentes, promovido pela ONU, em Genebra, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou a importância do fortalecimento da memória e da história da população negra como caminhos de desenvolvimento coletivo para justiça, igualdade e democracia.
A ministra participou de uma mesa com artistas negros brasileiros que estão com as obras expostas na sede das Nações Unidas. Segundo ela, desde a inauguração da exposição, recebeu uns 15 pedidos de mulheres negras por editais de arte para mulheres negras.
– Isso se deve ao fato de que a arte nos permite sonhar, e, muitas vezes me salvou, principalmente, após a morte da minha irmã, quando eu precisava me agarrar em algo. Da última vez que vim ao Fórum, vim denunciar a violência policial nas favelas, e hoje, estou numa exposição de artistas afrodescendentes, que a gente possa cada vez mais dar visibilidade aos artistas negros, que cada vez mais que nos enxerguem como seres humanos e que parem de tentar nos matar – disse a ministra.
Na mesa, Camila Valverde, COO e Diretora de Impacto da Rede Brasil, lembrou que a questão racial precisa ser prioridade em qualquer conversa ou setor.
– É imprescindível trazer as empresas para a luta antirracista e progredir na proteção aos direitos humanos das pessoas afrodescendentes.
Também ontem, o Geledés promoveu evento paralelo ao fórum, com o tema “Estratégias para Empoderamento Econômico da População Negra”. Em sua fala inicial, Sueli Carneiro, diretora e fundadora do instituto, defendeu novamente que a implementação do amplo “Programa de Desenvolvimento para reparação histórica para a população negra. Para isso, ela considera que é preciso uma reorientação geral das estratégias de desenvolvimento dos bancos públicos e bancos multilaterais, colocando o desenvolvimento econômico dos afrodescendentes como uma das suas principais prioridades.
– Requer ainda o estabelecimento de um número crescente de empresas lideradas por afrodescendentes, que nos permita aceder à economia formal, ao crédito e ao crescimento e empregar trabalhadores. E o estado brasileiro deve por fim comprometer-se a implementar e apoiar políticas corporativas baseadas nos princípios de diversidade e inclusão de gênero e raça.