Intolerância Religiosa e Racismo

Ontem na reunião do grupo Salva Guarda da Capoeira na Região Metropolitana de Campinas, estávamos debatendo vários assuntos quando mencionei que não acreditava na Intolerância religiosa, por 2 motivos:

  1. Quando a capoeira e o Candomblé tiveram suas práticas proibidas no Brasil foi porque eram de Preto e isso para mim é Racismo aberto e declarado.
  2. As outras religiões não sofrem ataques como as de Matriz Africana e neste pensamento para mim também é racismo aberto e declarado.

Outras pessoas possuem um entendimento que hoje a capoeira e os terreiros possuem adeptos de brancos e até orientais, mas mesmo assim ainda é uma religião e uma luta de negros.

Lembrando a história escravagista deste país, digo que todo branco amigo de Negro era considerado um igual, isto é da forma ruim da igualdade, porque era considerado um “criminoso”.

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Em um debate no mês passado dentro da PM de São Paulo, ficou nítido que os oficiais presentes não respeitam uma casa de Umbanda ou Candomblé em uma abordagem, diferente ocorre com outras religiões que não possuem em sua característica a mãe África, pois enquanto terreiros são invadidos as igrejas são protegidas.

Devo dizer que a mais de 10 anos houveram recortes e entendimentos principalmente na política que resultaram em avanços importantes na luta com o racismo e isso se deve ao fato de mais articulação dos movimentos sociais, ao governo que está tendo um olhar diferenciado a nossas causas e um luta conjunta em diversos setores da sociedade tendo ênfase ao respeito à diversidade.

Mas existe muito que mudar em nosso Brasil e para isso temos que ocupar espaços de lutas e espaços legítimos na construção deste país principalmente ao que se refere a políticas públicas em outras palavras precisamos estar em mandatos, governos, assistência social, órgãos públicos, conselhos municipais e em outros setores com o intuito de proteger a nossa causa que é pacífica e precisa ser defendida em vários momentos.

O Brasil há pouco tempo atrás teve um revés e uma regressão com a titulação do Pastor Marco Feliciano que posta no poder público como deputado à frente dos Direitos Humanos e agora mais que nunca temos que por os movimentos sociais para trabalhar.

Eu tento estar em vários lugares e participar ativamente nas construções de lutas e tem sido reconfortante estar construindo efetivamente junto com a sociedade em vários momentos, como acontece com muitos irmãos e irmãs, mas devo alertar que somos muitos e nossa participação ainda é pequena e se não nos atentarmos a isso pode se tornar ilusória.

Para concluir, quero reafirmar que meu entendimento que intolerância religiosa não existe porque o nome disso para mim é racismo.

Por: Oluandeji

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Alessandro Oluandeji representando o mandato vereador Pedro Tourinho

Fonte: Religiões Afro e Políticas

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