Eleonora Menicucci recusa acordo com Frota: ‘minha história jamais permitiria’

Ministra de Políticas para as Mulheres do governo Dilma está sendo processada após criticar ator por apologia ao estupro

Do Agencia Patricia Galvao

Terminou sem acordo a audiência na Justiça, realizada ontem (6), no Juizado Especial Cível, no centro de São Paulo, sobre a ação movida pelo ator Alexandre Frota contra a ex-ministra de Políticas para as Mulheres do governo Dilma Rousseff, Eleonora Menicucci. Frota exige desculpas e R$ 35 mil reais de indenização por ter sido acusado de incentivo ao estupro. “Não houve acordo. A minha história jamais permitiria. Não pedi desculpas”, afirmou Eleonora.

No ano passado, em programa de televisão, Alexandre Frota contou, sem demonstrar constrangimento, que teria estuprado uma mulher. A ex-ministra criticou o ator e afirmou que ele fazia apologia ao estupro.

Eleonora foi recebida por dezenas de mulheres que foram lhe prestar solidariedade e protestar contra o ator que,  na chegada ao tribunal, zombou das mulheres e da imprensa.  Elas denunciaram o machismo da sociedade brasileira e a cultura do estupro, que naturalizam a violência contra a mulher. “Estamos aqui apoiando a ex-ministra. Somos todas Eleonora”, afirmou Junéia Batista, secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, em entrevista ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT.

Assista:

“Ele fez, em tom de galhofa, aquilo que, na realidade, ele faz e acredita. Quem faz determinadas brincadeiras discriminatórias, de estímulo e incentivo à violência contra a mulher, é porque é machista”, frisou Liege Rocha, da União Brasileira de Mulheres.

Conhecido nos últimos anos por atuações em filmes pornográficos, o ator Alexandre Frota também causou polêmica, quando foi um dos primeiros a ser recebido em audiência, pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, ainda durante a interinidade do governo Michel Temer.

A audiência definitiva sobre o caso foi marcada para o dia 11 de outubro.

Veja a íntegra da nota de Eleonora Menicucci:

Hoje tive audiência de conciliação com Allexandre Frota: não aceitei acordo proposto.

Não jogaria na lata de lixo minha vida inteira dedicada a luta pelos direitos das mulheres, contra qualquer forma de violência de gênero inclusive a tipificada como crime hediondo: o estupro.

Lutei contra a ditadura, fui presa torturada e luto agora contra o golpe parlamentar que tirou da Presidência Dilma Rousseff.

Como sua ministra das Mulheres criamos o maior programa de enfrentamento a violência contra as mulheres.

Não podemos ter medo de pronunciar palavras que expressam a luta contra o preconceito a discriminação contra as mulheres, negros, índios, população LGBT, população pobre de nosso pais.

Não a cultura do medo; não a cultura do estupro.

Obrigada a todas as mulheres que se solidarizaram comigo , tanto as que foram ao Fórum, como as que não puderam comparecer e aquelas que estão se manifestando nas redes.

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