Michelle Obama está farta de ser chamada “mulher revoltada de raça negra”

“Uma mulher revoltada de raça negra”. Michelle Obama está farta que se refiram a ela com esta expressão. A ainda primeira-dama norte-americana já o tinha frisado de forma explícita durante uma entrevista em 2012 e volta agora a falar sobre o rótulo que lhe atribuem, na sua última entrevista que dará enquanto primeira-dama, a Oprah Winfrey, que será exibida esta segunda-feira.

Fonte: Delas

Em causa está uma publicação partilhada no Twitter pela secção de Estilo do ‘The New York Times’ há um mês, e entretanto apagada pelo jornal, que usava essa mesma expressão para se referir a Michelle Obama. “Essa foi uma daquelas coisas em que pensas: ‘Bem, eles nem sequer me conhecem’. Aquilo que se sente é: ‘Uau, de onde é que aquilo vem?’. E esse é o primeiro impacto”, começa por explicar a mulher de Barack Obama.

“Pensas: ‘Eu não sou nada assim’. Mas depois percebes-te que aquilo não é sobre ti. É sobre a pessoa ou pessoas que o escreveram. A verdade é essa. Começamos a pensar que temos medo uns dos outros. Cor da pele. Riqueza. Estas coisas que não interessam ainda são demasiado importantes na forma como vemos o outro. E é triste porque a coisa que menos nos define como pessoas é a cor da nossa pele. São, antes, os nossos valores. A forma como vivemos as nossas vidas. E isso não se resume à raça ou religião de alguém”, acrescentou Michelle Obama.

A norte-americana remata a Oprah Winfrey: “Pensei: ‘Ok, deixem-me viver a minha vida sem esconder nada para que as pessoas possam ver e julgar por si próprias”.

Já há quatro anos, quando foi retratada como uma “mulher revoltada de raça negra” num livro publicado por um jornalista do ‘The New York Times’, que escrevia sobre um alegado desentendimento da ainda primeira-dama norte-americana com antigos conselheiros da Casa Branca, Michelle não deixou passar o assunto em branco.

“Essa tem sido uma imagem que têm tentado pintar de mim desde o dia que Barack foi anunciado como presidente dos EUA, que eu sou uma mulher revoltada de raça negra”, disse em 2012 numa entrevista ao programa matinal ‘This Morning’.

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