Fabrício Boliveira: “O machismo é uma escravidão”

Capa da GQ de setembro ao lado de Emilio Dantas e Chay Suede, o ator que vive Roberval em “Segundo Sol” não quer saber de rótulos e conta sobre a gagueira na infância: “Algo que me acompanha na vida, como o ex-alcoólotra”

por Verrô Campos no GQ

Foto- Hick Duarte

Qual ator, no ar em plena novela das 21h da TV Globo, resolve apagar todo o seu feed do Instagram? Só Fabrício Boliveira. “Me deu uma agonia, senti que seria rotulado pelo que postei antes, me senti aprisionado, foi libertador”, contou rindo como criança quando apronta.

O feito já é uma dica do que seria esse novo galã, mais livre. “A ideia de galã já coloca você numa gaveta. O dia em que eu sair de casa de pijama, com o dente mal-escovado e com remela no olho, alguém vai perguntar: ‘mas você não era aquele da gaveta?’”.

Foto- Hick Duarte

E o que realmente importa? “Sempre sonhei em ser contador de histórias, mesmo sendo gago”. Sim, Fabrício era gago e tímido quando criança e, depois de muitas idas à fonoaudióloga, foi no teatro e na yoga que encontrou a solução. “É algo que me acompanha na vida, talvez como o ex-alcoólatra, uma hora aquilo volta de alguma forma, mas você sabe controlar”. Homens mais sensíveis, menos reféns do machismo e da beleza são para ele os exemplos deste novo tempo. “Não é mais confortável viver neste lugar, a não ser que você seja branco, hétero e rico. O machismo é uma escravidão, até mesmo para quem tem todos esses privilégios”. Mas isso não o impede de seduzir. Quem lembra do Cleiton na série Suburbia, ou de João de Santo Cristo no longa Faroeste Caboclo, sabe que isso não é um problema. Como Roberval em Segundo Sol, que o baiano de Salvador brinca ser filho de Oxumaré – “a sedução da serpente que vira o também sedutor arco-íris” –, ele abusa do artifício. “Foi inusitado fazer uma cena sem camisa trabalhando como pedreiro, acho que nunca fiz isso na vida”, comentou com mais risos.

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