Por que a escolha de uma atriz negra para ser a sereia Ariel incomoda tanta gente?

Anúncio de Halle Bailey como protagonista da versão live-action do clássico ‘A Pequena Sereia’ deu o que falar nas redes sociais.

por Rafael Argemon no HuffPost

GETTY EDITORIAL Halle Bailey é uma das cantora do duo de R&B Chloe x Halle.

O anúncio de Halle Bailey, uma das cantoras do duo Chloe x Halle, como a interprete da sereia Ariel na versão live-action da animação A Pequena Sereiadeu o que falar nas redes sociais. O motivo? Bailey é negra.

Logo após a notícia, dada pela Disney na noite deste quarta (3), o público se dividiu, mostrando que a questão da diversidade ainda está muito longe de ser encarada como algo natural e necessário. Tanto culturalmente quanto comercialmente.

“Depois de uma extensa pesquisa, ficou muito claro que Halle possui aquela combinação rara de espírito, coração, juventude, inocência e substância. Além de uma voz maravilhosa. Todas as qualidades intrínsecas necessárias para desempenhar esse papel icônico”, disse o diretor Rob Marshall no comunicado da Disney.

Também fazem parte do elenco Jacob Tremblay (vencedor do Critics’ Choice com O Quarto de Jack, em 2016) como o peixinho Linguado;  e a rapper de origem asiática Awkwafina como Sabidão. A comediante Melissa McCarthy está quase fechada para interpretar a vilã Ursula.

A versão em live-action manterá as canções originais do filme original, de 1989, e adicionará composições originais de Alan Menken, autor da trilha da animação, e Lin-Manuel Miranda, que assinou a trilha de Moana – Um Mar de Aventuras (2016).

Nas redes sociais, o anúncio recebeu muitas críticas que foram tachadas de racistas por quem apoiou a escolha de Bailey para o papel de Ariel.

Veja aqui alguns posts que ilustram a discussão:


Se você está incomodado com Ariel sendo negra mas assistiu a incontáveis filmes onde pessoas brancas retratam pessoas etnias diferentes (egípcios, afro-americanos, latinos, asiáticos, etc.), está na hora de cair na real. Você é racista!


Essa garota pode ser 100% Ariel. E se você se incomodou com isso, vá reclamar para sua avó, porque o resto de nós não está nem aí.


A Disney está arruinando tudo para nós. Mantenha como era, por favor!
Não é sobre se negro ou branco, é sobre dar vida a algo de nossa infância.
Mudar detalhes do original e contar uma história diferente.


Primeiro Zendaya como Mary Jane Watson [namorada do Homem-Aranha] e agora Halle Bailey como a Pequena Sereia! E ela também vai cantar. É isso aí!


Disney, sinto muito, mas admirava Ariel quando estava crescendo sendo ela uma garotinha ruiva. Muito chateada com a escolha para o remake. Eu não vou ver isso, você estragou tudo para mim.


Halle tem mais do que comprovado o seu valor e se alguém se queixar de sua escolha devido a cor de sua pele, você não merece assistir a este filme. Ponto final.

+ sobre o tema

EUA imigração: A lei da polêmica

A queda de braço é entre a Casa Branca...

The lack of black faces in the crowds shows Brazil is no true rainbow nation

The World Cup was supposed to show Brazil's cultural...

Origens da primeira-dama contêm um complexo caminho desde a escravidão

WASHINGTON – Em 1850, o senhor mais antigo de...

para lembrar

Manuel Querino

Manuel Raimundo Querino nasceu no 28 de julho de...

Parte II: O papel do Brasil é ‘impor a paz’

Segundo fonte, tropas brasileiras foram contatadas pelo Comando Sul...

Referência do pensamento feminista decolonial, ativista e filósofa argentina María Lugones morre aos 76 anos

Morreu nesta terça-feira (14) a filósofa, professora e ativista...

Escritor Itamar Vieira Junior é o entrevistado do Trilha de Letras

O segundo programa inédito da nova temporada do Trilha de...
spot_imgspot_img

Festival de cultura afro abre inscrições gratuitas para vivências artísticas no Recife

O Ibura, terceiro maior bairro localizado na Zona Sul do Recife, onde estão concentrados mais de 70% da população autodeclarada negra ou parda, abre...

Livro semeia em português cosmovisão bantu-kongo reunida por Bunseki Fu-Kiau

O primeiro objetivo do pesquisador congolês Kimbwandende Kia Bunseki Fu-Kiau ao terminar "O Livro Africano sem Título", em 1980, e que finalmente é publicado em português...

O apagamento da militância negra durante a ditadura militar no Paraná

A ditadura militar no Brasil, instaurada há exatos 60 anos, reprimiu e silenciou a luta dos movimentos raciais. Documentos encontrados pelo UOL junto ao...
-+=