Ativista é ameaçada após criticar papel de mulheres em games

Mais de 2 mil pessoas assinaram uma carta aberta pedindo o fim da discriminação de gênero na indústria de videogames. A documento, assinada por profissionais independentes e de grandes empresas de jogos, como Electronic Arts e Ubisoft, foi uma resposta às ameaças de morte feitas à crítica feminista Anita Sarkeesian depois que ela lançou uma série de vídeos sobre a misoginia (ódio às mulheres) nos jogos.

Sarkeesian denunciou as ameaças à polícia e diz que se viu forçada a deixar sua casa. Ela afirmou que as ameaças são “um tipo de terrorismo”.

A carta pede para que jogadores e demais envolvidos na indústria dos videogames denunciem “discursos de ódio e assédio”.

Tomada de posição

Anuta Sarkeesian é a criadora do site Feminist Frequency, em que discute a representação das mulheres em narrativas da cultura pop.

No dia 25 de agosto, ela divulgou o episódio mais recente de sua série sobre a maneira como mulheres são retratadas em videogames.

No vídeo, ela fala sobre a tendência de mostrar “personagens femininos geralmente insignificantes e com os quais não se pode jogar, cuja sexualidade ou vitimização é explorada de modo a dar um tempero provocativo ou picante aos universos dos games”.

Dois dias após a publicação do vídeo, ela disse ter recebido “ameaças muito assustadoras” a ela e a sua família no Twitter, que a levaram a entrar em contato com a polícia.

A carta, que foi escrita pelo desenvolvedor de games Andreas Zecher, do estúdio independente Spaces of Play, incentiva pessoas que testemunhem ameaças em sites como TwitchFacebook eTwitter,  entre outros,  a denunciá-las.

– Se você vir discurso de ódio e assédio, tome uma posição publicamente contra isso e transforme a comunidade dos jogos em um espaço mais agradável – diz o documento.

jogos

– Acreditamos que todos, não importa o gênero, a orientação sexual, a etnia, a religião ou se são portadores de deficiência, tem o direito de jogar, de criticar os jogos e de desenvolver jogos sem ser assediado ou ameaçado. É a diversidade da nossa comunidade que permite que os jogos prosperem.

‘Não vou desistir’

Em seu perfil de Twitter, Sarkeesian compartilha imagens dos insultos e ameaças que recebe. Algumas das imagens sugerem que o autor das ameaças sabe onde ela mora.

Ela disse que ficará hospedada com amigos porque não se sente segura em sua casa. “Eu não vou desistir, mas o assédio às mulheres no meio da tecnologia tem que acabar”, escreveu.

Na rede social, ela também afirma que os policiais que a atenderam “não sabem lidar com ameaças reais feitas online”. Oficiais teriam perguntado a ela: “Se você continua recebendo ameças por causa do seu trabalho, por que não para?”.

ativista já foi alvo de misoginia em outras ocasiões. Em 2012, um jogo em primeira pessoa chamado Espanque Anita Sarkeesian foi publicado online.

No início de 2014, ela ganhou o prêmio de embaixadora do evento anual Game Developers Choice. O prêmio é destinado a pessoas que “ajudaram a indústria de games a avançar e se tornar um lugar melhor, seja facilitando a melhora da comunidade de dentro ou atuando de fora da indústria como defensor dos videogames”.

Fonte: Correio do Brasil

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