Ativistas afegãs rompem tradição e carregam caixão de mulher linchada

O caixão de uma mulher espancada e apedrejada até a morte em Cabul foi carregado por um grupo de mulheres, rompendo a tradição dos funerais no Afeganistão.

Do BBC

Centenas de pessoas foram ao funeral de Farkhunda exigindo que os perpetradores do crime fossem punidos.

Na última quinta-feira, uma multidão, composta principalmente por homens, atacou a mulher com paus e pedras, espancando-a até a morte. Em seguida, atearam fogo a seu corpo. A polícia, segundo relatos, testemunhou a ação, mas não tomou providências.

O ataque da mulher, assim como a falta de intervenção policial, foram duramente criticados.

O presidente afegão Ashraf Ghani disse ter ordenado uma investigação sobre o episódio.

Imagens do ataque filmadas por celulares circularam nas redes sociais em todo o mundo.

150322202700_sp_mulheres_afeganistao_choro_624x351_reutersMulher foi acusada de queimar cópia do Alcorão, mas investigador oficial diz que ela era inocente

150322203417_sp_multidao_mulher_espancada_624x351_apImagens de mulher sendo espancada e apedrejada repercutiram nas redes sociais

‘Completamente inocente’

Testemunhas dizem que o grupo acusava a mulher de queimar uma cópia do Alcorão, o livro sagrado do islamismo.

No entanto, um funcionário do Ministério do Interior encarregado de investigar o caso disse não ter encontrado provas que confirmassem a acusação.

“Farkhunda era completamente inocente”, disse o general Mohammad Zahir à imprensa local. Segundo ele, 13 pessoas, incluindo policiais, foram presas.

150322203811__81828457_81828455Governo diz que cerca de 13 pessoas já foram presas por ataque; polícia assistiu a linchamento

Em seu funeral, neste domingo, ativistas de direito das mulheres e da sociedade civil carregaram o caixão, papel que costuma ser desempenhada por homens. As mulheres choravam e gritavam “queremos justiça para Farkhunda”.

O irmão de Farkhunda disse à agência de notícias Reuters que ela se preparava para ser professora de estudos religiosos.

As mulheres ainda sofrem discriminação na maior parte do país e os ataques a elas frequentemente não são punidos.

Mesmo assim, acredita-se que este ataque, que aconteceu próximo à mesquita Shah-Du-Shamshaira, seja o primeiro do tipo no Afeganistão

+ sobre o tema

Descriminalizar o aborto no Brasil pela vida das mulheres (por Laura Sito e Misiara Oliveira)

Que os ventos Argentinos nos inspirem pra luta Por Laura Sito...

Naomi Osaka reacende debate sobre saúde emocional de atletas

Em 2019, Naomi Osaka (23 anos) já havia conquistado dois dos...

A reeleição de Dilma e a desigualdade de gênero

Pouco após reelegermos Dilma Rousseff presidente do Brasil, foi...

Deixa ela em paz: coletivo sai às ruas para espalhar mensagens contra o machismo

Cartazes foram já foram colados em ruas, muros e...

para lembrar

O ‘Girl Power’ toma a internet

Bia Cardoso é responsável pelo site Blogueiras Feministas Site "Blogueiras...

“Vou continuar aqui, com meu cabelão incomodando”

Às vezes parece que não me encaixo nos lugares....

“Tinha medo do que iam pensar de mim”, diz homem vítima de violência doméstica

Um britânico cuja ex-namorada o deixou com ferimentos graves...

Carta à minha amiga Alisada

Queridx amigx alisadx, Por Karoline Gomes Do Ovelha Mag Há muito queria...
spot_imgspot_img

Casos de feminicídio e estupro aumentam no Rio de Janeiro em 2024

Ser mulher no estado do Rio de Janeiro não é algo fácil. Um estudo que acaba de ser divulgado pelo Centro de Estudos de...

‘Só é sapatão porque não conheceu homem’: Justiça condena imobiliária em MG por ofensas de chefe à corretora de imóveis

A Justiça do Trabalho mineira condenou uma imobiliária da região de Pará de Minas, no Centro-Oeste do estado, a indenizar em R$ 7 mil, por...

Dia do Orgulho LGBTQIA+: conheça a origem da data, celebrada em 28 de junho

Em todo o mundo, o dia 28 de junho é considerado o Dia do Orgulho LGBTQIA+. Durante todo o mês, eventos e paradas celebram as...
-+=