O ministro do STF diz que não pode ficar mais do que 20 minutos sentado ou em pé e afirma que está “indignado” com a repercussão na imprensa de sua licença médica
Em entrevista exclusiva a ÉPOCA, o ministro fala de suas dores crônicas e de sua indignação com o que está saindo na imprensa. “Tenho dores crônicas na região lombar e no quadril. Não consigo passar mais do que vinte minutos diretos sentado ou em pé”, disse. ÉPOCA também entrevistou a médica do ministro, Lin Yeng, do Centro de Dor do Hospital das Clínicas de São Paulo, que confirmou as fortes dores de seu paciente e explicou o tratamento.
***ÉPOCA procurou ouvir, na terça-feira (10), o jornal O Estado de S.Paulo a respeito da fala do ministro. No dia seguinte, o chefe da sucursal de Brasília do jornal, João Bosco Rabelo, ligou para a redação da revista. Abaixo, a íntegra o comentário do jornalista:
Diferentemente do que ele afirmou na nota, a repórter de O Estado de S.Paulo não é a autora das fotos que mostra o ministro numa festa ou num bar. Diferentemente do que ele afirma na nota, a repórter não esteve presente à festa realizada em 6 de agosto de 2010 e nem foi ao local que o ministro identifica “ambiente residencial privado”. A repórter procurou pelo ministro no bar do Mercado Municipal em Brasília, no sábado (7), por volta das 17h. O bar é um local público e a repórter se identificou. Ele, Joaquim Barbosa, disse que não falaria com ela. As fotos do ministro no bar foram feitas pelo fotógrafo do jornal devidamente identificado. Quanto à alegação de que ela deveria tê-lo procurado pelo celular, esse argumento fica anulado porque ela o abordou pessoalmente. Além disso, a repórter, que cobre o setor, sempre procurou o ministro por meio de sua assessoria. Nesta ocasião, ele alegou que ela deveria tê-lo procurado antes.
Joaquim Barbosa – Indignado. É esta a palavra.
Barbosa – A repórter Mariângela Galucci do jornal O Estado de S. Paulo invadiu ilegalmente a minha privacidade***, me fotografou clandestinamente em ambiente residencial privado, me espionou no fim de semana, quando eu me encontrava com amigos e, ainda por cima, colocou dúvidas sobre o estado de minha saúde. Isso é inaceitável. Todos os repórteres que cobrem o tribunal têm o meu celular. Outros repórteres que não cobrem, com quem eu falo com frequência, também têm o meu celular. Ela fingiu que ligou para o outro lado. Ela ligou para o meu gabinete, sabendo que eu estava há três meses em tratamento em São Paulo, quando ela poderia ter falado diretamente comigo.
Barbosa – Há dois meses não coloco uma gota de álcool na boca.
Barbosa – Eu tenho dores crônicas na região lombar e do quadril. Quando eu fico de mais de 20 minutos diretos em pé, sentado, ou caminhando, eu sinto muitas dores. O problema na lombar é mais antigo, estou há mais de três anos cuidando. Há três meses faço um novo tratamento e essa dor já melhorou cerca de 50%.
Barbosa – Por causas das dores intensas. É bom lembrar que no período decorrido entre maio de 2008 e novembro de 2009, eu acumulei dois cargos: de ministro do Supremo Tribunal Federal e de ministro do TSE, o que acarretava jornadas de trabalho às vezes superiores a 14 horas, principalmente no período das eleições municipais de 2008. As dores se intensificaram a partir do primeiro semestre de 2007, antes do mensalão. Eu fiz todo o mensalão em pé. Hoje faço tratamento em uma clínica especializada em dor, dirigida pelos maiores especialistas nesta área no Brasil, a doutora Lin e o doutor Manuel Jacobsen.
Barbosa – Por semana, faço duas sessões de agulhamento seco, que não é a mesma coisa que acupuntura. Faço também cerca de quatro tipos de fisioterapia diferentes. Eu tenho acompanhamento médico quase que diário, com especialistas médicos, como fisiatras, reumatologistas, ortopedistas e clínico geral. Além de tomar muitos medicamentos.
Barbosa – Estou disposto a me submeter a qualquer junta médica. Aliás, o meu caso está fartamente documentado no serviço médico do STF, composto de vários médicos que têm acesso a meu dossiê.
Entrevista com a médica do ministro, Lin Yeng, do Centro de Dor do Hospital das Clínicas, em São Paulo
Lin Yeng – Ele tem uma lombalgia e uma pequena artrite, que está sendo tratada com um tratamento multidisciplinar, com uso de remédios, inclusive para dor, e fisioterapia. Ele faz terapia na piscina, agulhamento em pontos dolorosos e um trabalho para melhorar a qualidade do músculo.
Lin – Por causa da dor crônica, ele tem um desequilíbrio músculo ligamentar e uma artrite que está sendo tratada. É por isso que ele não está bem ainda. Ele está fazendo o tratamento e não é de um dia para o outro que vai conseguir condicionar seu corpo. Como ele ainda está no meio do tratamento, não tem condição de ficar por muito tempo em pé ou sentado.
Lin – Nenhum médico pode falar exatamente o tempo de tratamento, mas ele já melhorou muito. Ele foi avaliado pelo neurocirurgião Manuel Jacobsen Teixeira, do Centro de Dor do Hospital das Clínicas. E foi visto por ortopedistas, reumatologistas para fazermos um diagnóstico da dor dele. Baseado nisso, estamos fazendo um tratamento mais especializado. Ele está tomando analgésicos e levando agulhadas onde está inflamado. Não adianta liberar agora para ele voltar ao trabalho. O que estamos fazendo é um condicionamento físico para poder otimizar o corpo dele e fazer com que ele volte ao trabalho.
Lin – Ele até pode beber, mas não está.