Política e Prisões: uma entrevista com Angela Davis

A ENTREVISTA COMO MÉTODO: DIÁLOGO COM ANGELA DAVIS

Nos últimos anos, Eduardo Mendieta tem desenvolvido interessante projeto, que agora pode ser percebido com maior claridade. Trata-se de uma proposta de resgatar a dignidade filosófica do diálogo por meio de entrevistas com importantes intelectuais. Esse método, que a muitos pode parecer trivial ou superficial, proporciona um contato mais intimista com o interlocutor que, por sua vez, revela-nos detalhes autobiográficos ou nuances que publicações teóricas apagam por meio de parcimoniosas revisões editoriais.

Após realizar e coletar entrevistas por vários anos com Jürgen Habermas, Richard Rorty, Enrique Dussel, Angela Davis, Cornell West e outros expoentes do pensamento crítico, Mendieta tem lançado várias publicações nas quais essas entrevistas vêm a público.

A revista Impulso tem sido um espaço privilegiado para a publicação de tais trabalhos, registrados em suas páginas antes mesmo de aparecerem em importantes publicações nos Estados Unidos, Alemanha, Espanha e outros países

Na presente conversa com Angela Davis surgem dados sobre sua militância na busca da libertação de presos políticos e em seu envolvimento nos movimentos pelas liberdades civis dos negros nos Estados Unidos. A entrevista também revela que Davis estudou filosofia com Herbert Marcuse, Theodor Adorno e Jürgen Habermas em Frankfurt e que se preocupa atualmente com o sistema prisional nos Estados Unidos, o qual, em sua opinião, é uma perpetuação do sistema escravagista e deve ser abolido. Além disso, ela estabelece um diálogo com importantes nomes na história do movimento e cultura negra nos Estados Unidos durante o século XX, como W.E.B. DuBois, George Jackson, Markus Garvey, Zora Neale Hurston, Martin Luther King, Malcom X, Alice Walker e Toni Morrison.

Nos limites dessa breve introdução não podemos apresentar todos esses personagens ou indicar o importante papel deles mais além da história estadunidense. Mas é possível pelo menos afirmar que essa entrevista é leitura fundamental para quem quer conhecer Angela Davis, ter uma visão crítica da situação atual nos Estados Unidos, entender as relações raciais naquele país e considerar o possível impacto dessas experiências em países como o Brasil.

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