Alckmin está longe de ser candidato imbatível, diz coordenador da campanha do PT em SP

Emídio de Souza aposta em aliança ampla e influência de Lula para virar o jogo

 

Coordenador da campanha de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, diz que a candidatura de Alckmin está “longe de ser imbatível” e que a grande vantagem do tucano nas pesquisas pode ser revertida.

 

Emídio cita uma “grande aliança” de dez partidos, a repetição, pela 1ª vez, do candidato do PT ao governo do Estado e a influência positiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para dizer que o cenário nunca esteve tão favorável para os petistas em São Paulo.

 

Sobre a dúvida a respeito de quem será o segundo candidato ao Senado pela coligação – a 1ª vaga é de Marta Suplicy (PT) -, o prefeito diz que ainda não é possível cravar o nome de Netinho (PCdoB). Numa eventual desistência de Paulo Skaf (PSB) em concorrer ao governo – aposta de grande parte do PT paulista, segundo apurou o R7 – as chances do ex-tucano Gabriel Chalita (PSB) ser o segundo candidato ficam grandes.

 

Veja abaixo a entrevista com Emídio.

 

R7 – A chapa com Marta e Netinho (PCdoB) para o Senado já está fechada?
Emídio de Souza – O PCdoB vai fazer convenção na semana que vem. E vão aprovar nome do Netinho. Mas não quer dizer que nós já aceitaremos esse nome, nós ainda vamos aguardar um pouco mais o PSB. Vamos ver.

R7 – No caso do Paulo Skaf desistir da candidatura ao governo, o Gabriel Chalita fica com boas chances de compor a chapa para o Senado?
Emídio – Fica. Temos divergências dentro do PT de quem seria o melhor candidato. Mas o Chalita é muito bem-vindo dentro do PT.

R7 – O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) disse que coligações para o governo e para o Senado têm que ser equivalentes. Isso muda alguma coisa?
Emídio – Muda, muda o cenário em São Paulo, o que é ruim para o Alckmin. O PTB não vai poder se coligar com o PSDB e provavelmente não vai se coligar com ninguém, e o Alckmin vai perder o apoio e o tempo de televisão do PTB.

R7 – E no campo petista, muda alguma coisa?
Emídio – Em São Paulo não. Porque vamos colocar só dois candidatos ao Senado mesmo, então vamos escolher qual é o melhor e vamos tocar.

R7 – O Mercadante começa a disputa bem atrás do Alckmin. O que pode ser feito para reverter esse quadro?
Emídio – O que já está sendo feito. Muitos partidos aliados, maior aliança que já fizemos em São Paulo – já temos praticamente 10 partidos – as principais centrais sindicais, apoio social, apoio do presidente Lula. O Alckmin começou a campanha para a Prefeitura de São Paulo com 45%, terminou com 22%, não foi nem para o 2º turno. Na eleição presidencial ele diminuiu a votação dele do 1º para o 2º turno. Então, Alckmin está longe de ser candidato imbatível. Nós o respeitamos, mas a candidatura dele não tem mais um bom grau de unidade. O PSDB não está unido em torno do nome dele. Não era o candidato dos sonhos do PSDB, não é o candidato dos sonhos do Kassab, nem do Serra, nem do Goldman, então tem muito jogo pela frente.

R7 – Em 2006, Mercadante já foi candidato ao governo. Por que quem não votou nele em 2006 pode votar agora?
Emídio – Primeiro, porque o PSDB teve mais quatro anos sem resolver problemas centrais do Estado na saúde, educação, segurança pública, é evidente a incapacidade do PSDB de enfrentar os grandes gargalos do Estado. Segundo, foi do segundo mandato pra cá que o presidente Lula lançou o PAC, o ProUni, os campi de universidades federais em São Paulo, tudo se ampliou nesse período. Em 2006, o Lula tinha 43% de ótimo/bom. Hoje ele tem 76%. Então a capacidade de influência do Lula é muito maior.

R7 – Mas não é justamente em São Paulo que a capacidade de influência do Lula é menor?
Emídio – É menor do que em outros lugares, mas não é pequena. É muito grande. São Paulo foi o Estado que mais lucrou com a política econômica do Lula. O incentivo à indústria automobilista, a redução do IPI pra veículos, o maior beneficiado foi São Paulo, gerou mais empregos em São Paulo. Dos 12 milhões de empregos gerados nos últimos sete anos e meio, 3,5 milhões são no Estado. Houve recursos para o Metrô, para o Rodoanel, para a modernização do Porto de Santos, temos o trem-bala vindo aí, temos outra situação agora. Lula tem muito mais força também em São Paulo.

R7 – O senhor citou problemas no Estado, como saúde e segurança, que ainda não teriam sido resolvidos. O PSDB está no poder no Estado há 16 anos. Se esses problemas não foram resolvidos, por que o eleitor não muda?
Emídio – Aí você precisa ler vários sinais. Não estou dizendo que o PSDB não fez nada, eles fizeram algumas coisas, têm alguns méritos. Mas não atacaram os problemas cruciais. E você ganha eleição não só por conta da sua força, mas pela fragilidade do adversário também. Então, por que o PT está repetindo o candidato pela 1ª vez na história, tirando ele de uma eleição praticamente certa pro Senado? Porque nós acreditamos que dá pra virar o jogo aqui. O clima é outro, o eleitorado é outro, a sociedade já nos entende muito mais, já conhece a capacidade de governo do PT. O país está melhor, a economia está melhor, o Brasil é muito mais respeitado lá fora, mais de 20 milhões de pessoas ascenderam para a classe média e tudo isso tem repercussão em São Paulo. Então acho que o quadro é positivo.

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