Amorim descarta vaga no Conselho de Segurança se for para “dizer amém a tudo”

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, fez duras críticas nesta quarta-feira (9) à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), que aprovou hoje a quarta rodada de sanções a programa nuclear do Irã.
“Se for pra ser membro do Conselho de Segurança para dizer amém pra tudo, é melhor não ser”, afirmou Amorim em audiência pública na Câmara dos Deputados. O pacote de sanções foi aprovado pelo conselho com 12 votos — apenas Brasil e Turquia votaram contra, enquanto o Líbano se absteve.
Durante a conversa com parlamentares, o chanceler disse que o Brasil não teme retaliação por ter votado contra as sanções. “Porque se fôssemos nos relacionar somente com aqueles que têm imagem semelhante à nossa, nós não nos relacionaríamos com ninguém. Não estamos defendendo o Irã, estamos defendendo a paz. Queremos que o Irã prove ao mundo que não tem arma nuclear.”
Amorim classificou ainda de “escandaloso” o fato de membros permanentes do conselho possuírem armas atômicas e terem de dizer quem não deve ter arma nuclear, mas disse que o país irá respeitar a decisão, apesar de não concordar. “Se tivéssemos votado de outra maneira, teríamos perdido a nossa credibilidade com o Irã”, justificou Amorim, sobre o esforço do Brasil e da Turquia em convencer o Irã a seguir a risca as sugestões apontadas pelo AIEA.

A exemplo do ataque e invasão ao Iraque, Amorim avalia que a adoção de sanções pode ter o efeito contrário: “irritar” a República Islâmica, como já se viu nas declarações do presidente iraniano. Mahmoud Ahmadinejad disse, mais cedo, que as sanções “não valem um centavo” e devem ir “para o lixo”.

Para Amorim, o povo brasileiro pode se orgulhar da ação brasileira que “foi independente, mas não quixostesca”. Já sobre as repercussões negativas que o posicionamento do país teria na relação com os Estados Unidos, o chanceler minimizou.
“Eu não conheço um país grande que não tenha discordância com os Estados Unidos ultimamente. Não vamos concordar pela necessidade de concordar. Tenho certeza que o preço [para o acordo] for uma atitude de subserviência não existe parceria estratégica, e sim, alinhamento automático”, defendeu.

Questionado se o Brasil ainda teria interesse de se manter na posição de “intermediador” de acordos como este, Amorim se resguarda: “Se me perguntarem hoje, se o Brasil pode fazer alguma coisa: ‘hoje, não sei'”.

No acordo selado no último dia 17 de maio, Irã concordou em enviar 1200 kg de urânio enriquecido a 3,5% à Turquia em troca de 120 kg de combustível altamente enriquecido (a 20%), necessário para o reator de pesquisas científicas de Teerã. A troca seria feita em solo turco.

Fonte: UOL

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