Câncer de mama metastático. Saiba o que fazer logo após o diagnóstico

Segundo as estatísticas, 30% dos cânceres de mama, mesmo diagnosticados em fases precoces, progredirão para uma metástase. Saiba o que fazer

Por CAROLINA SAMORANO, do Metropóles

Ouvir a palavra “câncer” da boca de um médico está entre os maiores terrores do imaginário humano. Apenas neste domingo (1º/10), 156 mulheres tiveram de lidar como podem com o primeiro impacto da doença. O número é a média diária de novos diagnósticos de câncer de mama, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Até o fim deste ano, a estimativa prevê que 57 mil brasileiras terão recebido a notícia nas redes públicas e privadas de saúde.

O primeiro dia do mês marca a largada oficial da campanha Outubro Rosa, mobilização mundial sobre prevenção e diagnóstico precoce da doença. Embora curável em quase 100% dos casos quando diagnosticada ainda em fase inicial, é sobre o tipo metastático – quando o tumor se espalha para outros órgãos do corpo – que entidades e especialistas têm dedicado atenção especial há alguns anos. A justificativa, eles dizem, é dar informação e amparo a um grupo de pacientes que não encontra na cura, mas, no melhor tratamento possível, a luz no fim do túnel.

“Ainda não conseguimos mudar a realidade do diagnóstico avançado”, avalia Luciana Holtz, psico-oncologista e presidente do Instituto Oncoguia, voltado a amparar pacientes e disseminar informações sobre o câncer. “Tem muita mulher com um carocinho esperando para fazer a biópsia, ou na fila para a mamografia. Tem muita gente também com medo de fazer o exame. E é óbvio que ninguém quer achar um câncer. Mas a mensagem do ‘achar pequenininho’ tem que ser propagada. Não ter medo de encontrar vai fazer toda a diferença”, continua a especialista.

Apesar dos avanços em tratamentos e diagnósticos, os especialistas calculam que cerca de 30% de todos os tumores de mama, mesmo os detectados precocemente, progredirão à metástase em algum momento.

Neste ano, junto à farmacêutica Pfizer, a um grupo de ONGs latino-americanas de combate ao câncer e à Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), o Oncoguia lança a campanha “Eu e meu câncer de mama metastático”. Além de ações educativas pelo Brasil, a ação conta com uma série de materiais impressos dedicados a guiar as mulheres nos primeiros passos após o baque do diagnóstico.

A lista inclui um folder com tópicos a serem abordados com o médico; um guia de preparação para a próxima consulta, com perguntas sobre diagnóstico, tratamento e preparação, e uma revista com textos e informações sobre a doença, emoções, trabalho e relacionamentos no convívio com o câncer.

“Às vezes as mulheres não sabem nem o que perguntar”, diz Luciana. “No Oncoguia, a gente escuta muito das pacientes que elas aprenderam a ter dúvida. É difícil, mas é importante saberem que aquilo é a vida delas, em como o tratamento vai impactar a rotina e que podem participar dessa decisão do que é melhor ou não em cada caso”, detalha a presidente da ONG.

É importante a paciente sair da posição passiva e assumir uma postura ativa, de negociação

Luciana Holtz, psico-oncologista, presidente do Instituto Oncoguia

Se você está passando pelo diagnóstico de metástase ou conhece alguém nessa situação, os três passos a seguir podem ajudar a vencer o impacto e se empoderar diante da notícia:

Busque uma rede de apoio, mas escolha bem:

A internet está cheia de informação. Nem tudo o que se encontra ali, no entanto, é verdadeiro ou servirá ao seu caso. “Me preocupo muito com a informação de blogueira”, afirma Luciana Holtz. “Claro que tem sua importância e relevância, mas ela está contando uma experiência pessoal. Precisa deixar claro que aquilo é dela e serviu a ela, mas pode não servir a outras pacientes. Essa diferença tem que ser feita”, continua. A recomendação da especialista é para que a paciente procure por fontes confiáveis: sites acadêmicos, de hospitais e de grandes veículos de comunicação.

Não tenha medo de perguntar sobre o seu tratamento:

Saber o que vai ou pode te acontecer a partir do diagnóstico vai acender uma luz sobre a sua situação. O seu médico pode informar, por exemplo, sobre as opções de medicamentos para o seu tipo de tumor; remédios ou alimentos que podem ajudar a suavizar os sintomas da medicação; o alívio para a sensação de fadiga; e se o tratamento será intravenoso ou não. Fazer uma lista com as dúvidas antes da próxima consulta pode ajudar a organizar as ideias.

Escolha com quem compartilhar o diagnóstico:

Nem todo mundo precisa saber de sua doença. Os especialistas recomendam que você escolha a quem contar e que respeite o seu tempo – não precisa ser tudo ao mesmo tempo. Ao contar para familiares e filhos, esteja preparada para todas as possibilidades de reações, inclusive a ausência dessas pessoas. O médico também pode te ajudar com indicações de profissionais e psicólogos especializados, que podem ajudar crianças a enfrentarem a nova situação em casa.

+ sobre o tema

Por que as empresas mineiras se comprometem pouco com equidade racial?

Em Minas Gerais, apenas duas empresas aderiram ao Pacto...

Nadine Gasman sobre aborto: ‘O Congresso é responsável por garantir os direitos das mulheres’

Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu descriminalizar...

Os índios, nossos mortos

Os índios, nossos mortos. O Brasil, país racista e...

Mulheres têm de omitir o gênero para que seus trabalhos sejam aceitos

Pesquisa mostra que programadoras têm projetos rejeitados apenas por...

para lembrar

Mulheres são maioria entre empregados de fundações privadas, mas ganham menos

As mulheres representavam 62,9% do pessoal assalariado das fundações...

Falta de regulamentação mantém futuro das domésticas em suspenso

PEC foi aprovada em abril, mas 7 direitos precisam...

Tradição de parteiras está no centro de incentivo ao parto normal na Grã-Bretanha

Até 2011,o índice de cesarianas realizadas no Reino Unido...
spot_imgspot_img

Geledés participa da 54ª Assembleia Geral da OEA

Com o tema “Integração e Segurança para o Desenvolvimento Sustentável da Região”, aconteceu entre os dias 26 a 28 de junho, em Assunção, Paraguai,...

Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos abre inscrições para sua 46ª edição

As inscrições para a 46ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos estão abertas de 20 de junho a 20...

Dando luz à conscientização: gravidez na adolescência 

Entre sonhos e desafios, histórias reais se cruzam no país onde a cada hora nascem 44 bebês de mães adolescentes, aponta o Sistema de...
-+=