Comissão Arns recebe Prêmio Eny Moreira de Direitos Humanos

Criada em 2023 pela Agência do Bem, premiação tem como objetivo prestigiar iniciativas da sociedade civil em defesa dos direitos humanos no Brasil; entrega ocorreu durante o 6º Fórum da Rede do Bem, em São Paulo

FONTEEnviado para o Portal Geledés
Comissão ARNS/Divulgação

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns recebeu, na tarde da última quarta-feira (05/06), o Prêmio Eny Moreira de Direitos Humanos, promovido pela Agência do Bem. A cerimônia de premiação ocorreu durante a sexta edição do Fórum da Rede do Bem, em São Paulo, evento que reuniu representantes de organizações da sociedade civil para uma série de debates e palestras sobre os desafios do Terceiro Setor, como captação de recursos e gestão institucional.

“A Comissão Arns atua hoje em quatro linhas prioritárias: combate ao racismo, proteção da população de rua, garantia dos direitos dos povos indígenas e quilombolas, e, de forma mais abrangente, defesa da democracia, área de atuação notória de Eny Moreira”, afirmou a socióloga Maria Victoria Benevides, presidente da Comissão Arns, durante a cerimônia. “Estamos juntos desde 2019 encaminhando denúncias às autoridades competentes, organizando seminários, notas públicas e trazendo visibilidade a esses temas na imprensa. É uma emoção e uma alegria receber essa placa de prêmio com o nome dela”, completou.

Na ocasião, o ex-ministro dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi, também membro da comissão de direitos humanos, relembrou a trajetória marcante de Eny Moreira. “Um dos grandes feitos da Eny, do qual tive o privilégio de participar, foi a pesquisa sobre a prática de tortura na ditadura militar, ao lado de Dom Paulo Evaristo Arns e do Reverendo Jaime Wright. Fui membro da equipe que, durante cinco anos, pesquisou os arquivos da Justiça, trabalho que resultou no livro ‘Brasil: Nunca Mais’, um marco na história política do nosso país”.

Prêmio Eny Moreira de Direitos Humanos

Criada em 2023, a premiação faz homenagem à advogada e ativista Eny Moreira e tem como objetivo reconhecer iniciativas empreendidas por organizações, coletivos ou pessoas físicas em defesa dos direitos humanos no país. De acordo com Elio Moreira, idealizador do prêmio, a Comissão “tem se destacado pela qualidade do seu trabalho em defesa de grupos historicamente marginalizados no Brasil”.

Em sua primeira edição, o Prêmio Eny Moreira de Direitos Humanos prestigiou o Padre Júlio Lancellotti, pedagogo e coordenador da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, reconhecido por sua luta pela defesa dos direitos humanos há mais de 40 anos.

A advogada Eny Moreira teve papel fundamental na luta pela democracia durante a ditadura militar brasileira. O projeto “Brasil: Nunca Mais” é considerado, até hoje, o mais amplo levantamento sobre a prática de tortura e outras violações de direitos pelo regime militar. Desenvolvida pelo Conselho Mundial de Igrejas e pela Arquidiocese de São Paulo, a iniciativa impediu que o compilado de processos judiciais de crimes políticos se perdesse com o fim da ditadura. O resultado foi a publicação de um livro, em 1985, que expôs à população brasileira a gravidade dos crimes cometidos pela repressão militar.

Sobre a Comissão Arns  

Criada em fevereiro de 2019, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns busca dar visibilidade e acolhimento institucional a graves violações da integridade física, da liberdade e da dignidade humana, especialmente as cometidas por agentes do Estado contra pessoas e populações discriminadas – como negros, indígenas, quilombolas, pessoas LGBTQIA+, mulheres, jovens, comunidades urbanas ou rurais em situação de extrema pobreza. A Comissão Arns trabalha em rede com outras organizações sociais para detectar casos, dar suporte a suas denúncias públicas, encaminhar questões aos órgãos do Judiciário e organismos internacionais, promover ações específicas junto a lideranças políticas e mobilizar a sociedade. Seu trabalho é apartidário e congrega figuras públicas de formações distintas, mas complementares, todas elas comprometidas com a defesa da dignidade da pessoa humana.  

Em seu nome, a Comissão destaca a figura do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), Arcebispo Emérito de São Paulo. Em 1972, Dom Paulo criou a Comissão Justiça e Paz de São Paulo, porta aberta no acolhimento das vítimas da repressão política e policial no país. Ao homenageá-lo, a Comissão reconhece esse exemplo de resistência, resiliência e, sobretudo, de esperança para os brasileiros em tempos difíceis.

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