De como nasce o racismo

Ku Klux Klan executava negros nos EUA no século XX

Ninguém engole mais a ideia de que não somos um país racista – a não ser o diretor da Globo, Ali Kamel.

Não temos uma Ku Kux Klan, mas sabemos que os aparelhos repressivos do estado fazem seu mesmo papel – julgar e condenar à morte, extrajudicialmente, de nossa população negra e pobre.

O racismo é um traço cultural, uma tradição transmitida de pais para filhos – seja no ambiente da KKK, seja no nosso universo de uma falsa e ideológica democracia racial.

Sem má intenção alguma, um adulto conversa com uma criança e identifica um de seus amiguinhos como “aquele pretinho”.

Ainda que o adulto não queira – ou não se saiba – ser racista, sua diferenciação funciona na cabeça da criança.  Ela aprendeu, ali, a distinguir seus amigos a partir da cor da pele.  E ela entendeu que se o adulto faz isso, ela deve fazer.  A cor da pele passa a ser um fator a partir do qual ela vai se relacionar com as pessoas.  E se o “pretinho” é o diferente no seu círculo de convivência não será muito difícil para que a criança atribua a ele um valor negativo no grupo.  Ela, que nunca repararia na questão da cor da pele se não fosse o adulto que se referiu àquele “pretinho”.

Primeiro passo para o racismo.

Mas claro que a expressão do adulto já denota que ele traz em si a diferenciação de raça no trato com as pessoas.  Pode até acreditar que não “discrimina” alguém por ser negro, mas prova que esse elemento prepondera no seu lidar com os outros.  Além disso, o diminutivo da expressão carrega um conteúdo de um discurso histórico e ideológico que não deixa dúvidas sobre sua origem nas relações da Casa Grande com a Senzala.

Racismo não é uma condição inata, mas sim uma construção social. É ideológico, imposto e aprendido. E criminoso. Mais criminoso é quem ensina isso às crianças – ainda mais aos filhos dos outros.

A criança vai passar a justificar suas rejeições pelo significado que atribui à cor da pele (“não gosto dele porque ele é pretinho”) e aí sim nascerá um novo racista.

O mesmo processo com relação a outras formas de preconceito que, igualmente, não são inatas mas sim aprendidas.  Homofobia, por exemplo.

Ou formas culturais repressoras, como o machismo (que aliás é primo-irmão da homofobia).

 

aryan-outfitters-ms-ruth-ku-klux-klan-photoessay-by-photojournalist-anthony-karen

Como lidar, famílias e escolas, com essa questão, esses desafios?

RS é o segundo Estado que mais baixa conteúdos neonazistas na internet – por Marcelo Gonzatto

Racismo: Hora de reagir

O mapa do neonazismo no Brasil

No Sul, neonazistas queriam criar um novo país

Neonazistas brasileiros saem da toca?

Agora em Niteroi: Homens serão indiciados por agressão a nordestino e apologia ao nazismo

A onda Bolsonaro e o despertar do neonazismo

Neonazista suspeito de racismo apanha na prisão e nega crimes

Jovem rico erra. “Menor” pobre comete crime

Pais que incitam ódio e racismo aos filhos podem perder a guarda

A onda Bolsonaro e o despertar do neonazismo

Neonazistas brasileiros saem da toca?

Skinhead que postou foto enforcando morador de rua é preso em São Paulo

 

 

Fonte: No Minuto

 

+ sobre o tema

A certeza da impunidade: Árbitro não registra em súmula racismo contra Aranha no RS

O goleiro Aranha foi vítima de xingamentos racistas durante...

Representatividade, antirracismo e a Folha

Sobram razões para questionar a ideia de que o...

Maior chacina de São Paulo faz 5 anos sem indenização a vítimas

A desempregada Alessandra Damas faz 42 anos nesta quarta-feira,...

para lembrar

spot_imgspot_img

Ação afirmativa no Brasil, política virtuosa no século 21

As políticas públicas de ação afirmativa tiveram seu marco inicial no Brasil em 2001, quando o governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho sancionou...

Decisão do STF sobre maconha é avanço relativo

Movimentos é uma organização de jovens favelados e periféricos brasileiros, que atuam, via educação, arte e comunicação, no enfrentamento à violência, ao racismo, às desigualdades....

Por que o racismo é uma crise de saúde

Quando Layal Liverpool era adolescente, na Holanda, ela começou a observar pequenas manchas sem pigmento no rosto e nos braços. O médico receitou antibióticos e...
-+=