‘Devia ficar preso’, diz jovem xingada de macaca por suspeito de racismo

Metalúrgico teria chamado ainda trio de ‘chitas’ na terça-feira em Piracicaba. Após pagar fiança, rapaz de 29 anos é liberado e responderá em liberdade.

Uma das três jovens que acusam um metalúrgico de racismo, após receberem xingamentos de “macacas” e “chitas” nesta terça-feira (27), em Piracicaba (SP), afirma que não aceita a liberação do suspeito após o pagamento da fiança. A estudante de 16 anos disse estar revoltada com a liberdade concedida ao rapaz e que gostaria de ao menos um dia de prisão para o homem. Ele irá responder a inquérito policial por injúria racial, e não por racismo, e nega qualquer ofensa relacionada à cor da pele delas.

O caso aconteceu quando a estudante e um grupo de mães esperavam crianças saírem de uma creche no Centro. O rapaz, que estava dentro de um ônibus da empresa que o transporta diariamente para casa, colocou a cabeça para fora e começou a xingá-las. O fato, segundo elas, era recorrente e um dos dois guardas municipais que faziam a segurança na saída do escola disse ter ouvido o homem gritar “macacas” e deteve o suspeito em flagrante. Levado ao plantão policial, no entanto, o acusado foi liberado após pagar R$ 800 de fiança.

Delegada Monalisa Fernandes dos Santos deve cuidar de inquérito (Foto: Erlin Schmidt/EPTV)
Delegada Monalisa Fernandes dos Santos deve
cuidar de inquérito (Foto: Erlin Schmidt/EPTV)

A delegada Monalisa Fernandes dos Santos, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), cuidará do inquérito policial. Ela não lavrou o boletim de ocorrência e nem foi a responsável pela liberação do suspeito, mas explicou que há diferença entre os crimes de racismo e injúria racial. “Quando alguém ofende usando palavras racistas é injúria, que prevê até três anos de detenção, mas é afiançável. Já quando há um ato de discriminação, como impedir um negro de subir no elevador ou entrar em algum lugar em função da cor da pele, aí se configuraria o racismo”, explicou ao G1 por telefone.

Noite na prisão A jovem de 16 anos disse que ele deveria ficar ao menos uma noite na prisão. “Talvez assim ele aprendesse a não ofender as pessoas”, disse. O suspeito negou à Polícia Civil ter feito ofensas pela janela do ônibus e admitiu apenas ter discutido com uma das acusadoras, que também o teria ofendido, mas disse não ter usado palavras racistas. A reportagem do G1 não conseguiu contatá-lo por telefone na tarde desta quarta-feira (28).

Foto de destaque:  Thomaz Fernandes/G1

Fonte: G1 

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