Eis o número de palavras atribuídas às mulheres na Bíblia

Há 93 mulheres que falam na Bíblia e 49 delas têm nome. Estas mulheres juntas falam um total de 14.056 palavras – cerca de 1,1 por cento do total de palavras encontradas no livro sagrado.

Por , do Brasil Post 

 

Essa descoberta é da Reverenda Lindsay Hardin Freeman, sacerdotisa Episcopal, que há três anos embarcou em um projeto inédito: contar todas as palavras ditas por mulheres na Bíblia. Com a ajuda de outras três mulheres da sua comunidade religiosa – bem como de marcadores, anotações e planilhas – Freeman desmembrou meticulosamente a nova versão internacional da Bíblia.

“Eu queria saber o que realmente foi dito por mulheres na Bíblia”, disse Freeman ao The Huffington Post. “Fiquei surpresa ao ver que ninguém havia feito isso antes.”

As mulheres se reuniam no porão da Igreja Episcopal Trindade, em Excelsior, Minnesota, onde Freeman servia como reitora na época em que iniciou o projeto. Seu trabalho era identificar cada mulher que aparecesse falando na Bíblia, contar quantas palavras ela pronunciava e verificar qual era o seu papel principal. Seus esforços culminaram em um livro, Bible Women: All Their Words and Why They Matter (“As Mulheres da Bíblia: Todas as Suas Palavras e Por Que Fazem a Diferença”, em tradução livre), publicado em setembro de 2014.

Algumas das mulheres bíblicas são proeminentes e bem conhecidas, como a mãe de Jesus, Maria, que proferiu apenas 191 palavras. Maria Madalena disse 61 palavras, enquanto Sarah, esposa de Abraão, 141. Muitas das personagens femininas na Bíblia passam pelo que Freeman chamou de um “enorme trauma”, e em grande parte elas foram silenciadas ao longo dos séculos.

“Nós, por algum motivo, nos esquecemos do testemunho das mulheres na Bíblia pelos últimos milhares de anos e todas as contribuições que elas fizeram para a fé e para a história do mundo”, disse Freeman. “Finalmente agora estamos descobrindo suas histórias.”

Freeman também é a autora de The Scarlet Cord: Conversations With God’s Chosen Women (“A Corda Escarlate: Conversas com as Mulheres Escolhidas por Deus”, em tradução livre), onde analisa as histórias de 12 mulheres da Bíblia.

Greg Carey, professor de “O Novo Testamento” no Seminário Teológico de Lancaster, concordou com Freeman e disse que o livro dela realiza “um serviço valioso” ao elevar as histórias dessas mulheres.

“A Bíblia foi escrita por homens, em grande parte para os homens e as contribuições das mulheres estão espalhadas escassamente em suas páginas”, disse Carey ao HuffPost. “Ao trazer essas mulheres e suas histórias a um lugar só, Freeman abre uma oportunidade para que nós as vejamos como um todo.”

Freeman dedicou um capítulo do seu livro para cada livro da Bíblia, e os capítulos estão divididos em seções para cada mulher que aparece em um determinado livro. Em Gênesis, por exemplo, Freeman e sua equipe descobriram falas de 11 mulheres, em comparação com 50 homens.

Ler e analisar as narrativas dessas mulheres fez que as suas histórias ganhassem vida, disse Freeman, e também a ajudou a começar a vê-las como “vizinhas”, com sábias e importantes mensagens para oferecer.

“Eu acho que elas têm muito a compartilhar conosco sobre o que significa acreditar e ter fé”, refletiu Freeman, observando o impacto do trabalho na sua equipe. “Nós fomos transformadas; o nosso pequeno grupo de quatro pessoas se transformou”, ela disse. “Choramos e rimos com essas histórias. Nossa fé aumentou.”

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