Emma Watson vai se focar no feminismo em 2016. Antes, ela dá um conselho às jovens que todo mundo deveria ouvir

A atriz britânica Emma Watson vai ficar longe das telonas neste ano. Ela escolheu 2016 para ser uma temporada de imersão pessoal, regada a muita leitura e feminismo. Foi isso e muito mais que a atriz abordou em um bate papo com a escritora americana e ativista feminista Bell Hooks. A teor da conversa foi publicado pela revista cultural nova-iorquina Paper Magazine.

Por Thiago de Araújo, do HuffPost Brasil

“Ficarei um ano sem atuar para me focar em duas coisas, realmente. O meu desenvolvimento pessoal é uma delas (…). Estou lendo muito e estudando por conta própria. Eu até pensei em me dedicar ao estudo de gênero por um ano, então eu vi que estava aprendendo muito apenas conversando com pessoas e lendo”, explicou Emma.

No bate-papo, ela falou do seu papel como embaixadora da Boa Vontade de ONU Mulheres, da sua participação em campanhas como HeForShe, e a contribuir para acabar com a desigualdade de gênero no mundo antes de 2030. “Quero ouvir tantas mulheres diferentes quanto eu puder. É o que tenho feito através da ONU, pela campanha HeForShe e pelo meu trabalho”, disse a atriz.

 

Para Emma, o trabalho em favor das mulheres só mostrou a ela que “é realmente empoderador” estar envolvida com o feminismo. É graças a isso que a atriz não só procura ajudar outras pessoas, mas também mergulhar em seus próprios temores e angústias. E é aqui que ela deixa uma mensagem que vale para todo mundo, homens ou mulheres.

“Estar envolvida com o feminismo, para mim, traz a maior libertação que é ver que a mania de me criticar se foi. Tanta energia e tempo (gastos), mesmo de maneiras subjetivas. Tenho 25 anos agora e certamente tem sido um caminho longo desde quando eu tinha 20 anos. Estar comprometida com o feminismo, existe essa espécie de bolha que sai da sua cabeça, na qual estão os pensamentos realmente negativos sobre mim que atingem onde eu posso combatê-los de uma forma muito racional e rápida (…). Vejo muitas mulheres tendo dificuldades com questões de auto-estima. Elas sabem e ouvem isso e leem em revistas e livros o tempo todo que amor próprio é muito importante, mas é na verdade difícil de colocar em prática”.

Sobrou ainda tempo para Emma falar do seu início como atriz, aos 9 anos, com o papel da estudante de magia Hermione na série cinematográfica Harry Potter, baseada nos romances de J.K. Rowling sobre o famoso mago. De acordo com ela, havia uma tentativa pessoal de se mostrar ‘diferente’ do seu personagem, tentando parecer “mais legal” na vida real.

“Comecei a ler Harry Potter com 8 anos. Eu só me identifiquei muito com ela (Hermione). Eu era a menina que na escola levantava a mão para fazer as perguntas. Tinha uma vontade de aprender de uma forma diferente, não legal. Em uma forma nada legal, na realidade. E a personagem me deu essa permissão para eu ser quem eu era”, relembrou.

Foi nessa época que, segundo Emma, ela disse ser “um pouco feminista”. “Acho que eu estava com medo de admitir totalmente. Tinha medo de não saber o que significava”, emendou. Graças ao feminismo, a atriz concluiu que pôde deixar de lutar contra a personagem, tão logo a fama da série se expandiu mundo afora.

“A principio eu tentava dizer que ‘eu não sou como a Hermione. Eu mais chique e mais legal do que ela’, e então eu cheguei a um lugar de aceitação. Na realidade nós temos muito em comum. Há diferenças óbvias, mas existe muita similaridade em várias coisas. E eu parei de lutar com isso!”, finalizou.

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