Empresa terá de pagar R$ 40 mil a funcionário negro ameaçado com chicotada

Enviado por / FonteUOL

A sentença contra a fabricante de embalagens Zaraplast, com unidades distribuídas pelo estado de São Paulo, foi proferida em 23 de janeiro pela juíza Mariana Nascimento Ferreira, da 67ª Vara do Trabalho de São Paulo.

No processo, o operário da fábrica relatou um episódio que teria ocorrido em janeiro de 2019.

O autor da injúria racial, seu superior hierárquico, teria se dirigido a vítima e, aos risos, dito:

  • “Deixa eu dar uma chicotada nas suas costas?”
  • A vítima questionou: “por que você quer me dar uma chicotada?!”
  • “Porque você aguenta! Preto aguenta chicotada”
  • O homem conta que, após a ofensa, o autor do ataque saiu rindo

Em outra ocasião, a vítima da injúria racial relata que seu chefe teria pedido para que ele retirasse todos os chicletes que estavam grudados no chão porque “sua raça aguenta!”.

Deboche

O setor de recursos humanos da empresa chegou a ser procurado pelo homem, mas não teria tomado uma atitude contra a postura assediadora no local de trabalho.

Depois da denúncia, o autor dos ataques passou a chamar o operário, em tom de deboche, de “alemão”.

O que diz a empresa? A defesa da Zaraplast negou as acusações, argumentando que os dois não trabalhavam no mesmo local.

A empresa afirma que, no período em que os ataques teriam ocorrido, o operário trabalhava durante o dia enquanto o suposto assediador, à noite.

Uma testemunha ouvida no processo endossou as acusações do autor da denúncia e rebateu o argumento de que os dois não trabalhavam no mesmo período. “[O autor dos ataques] era responsável por toda a operação noturna; que trabalhava no mesmo andar, mas em setor diferente do autor.”

Respeito e dignidade

É imprescindível que o ser humano trabalhador seja respeitado em sua dignidade também no ambiente de trabalho, sob pena de indenização por violação a seus direitos fundamentais vinculados a sua honra e moral.”

Juíza Mariana Nascimento Ferreira

A juíza ainda determinou o pagamento pela empresa ao funcionário de um adicional de periculosidade pelo local onde o trabalho era exercido —com a presença de inflamáveis, por exemplo— e pagamentos de adicional noturno e horas extras.

A sentença cabe recurso.

O UOL tenta contato com a empresa Zaraplast. Caso haja resposta, o texto será atualizado.

+ sobre o tema

“Você só pode discutir mérito entre iguais”

Fundadora do Núcleo de Consciência Negra da USP fala...

Inscrições abertas para edital Juventude Viva

Entidades interessadas têm até o dia 06 de setembro...

Beltrame, não aceitamos mais perder gerações

    Mônica Francisco,  Sinto muito Beltrame, mas termos de perder mais...

para lembrar

Modelo Londone Myers fala sobre racismo durante backstage

Ela relatou uma triste experiência durante a semana de...

Universidade Federal do Amazonas cancela cotas na pós

Ufma alega falta de regulamentação e amparo legal para...

Davina Castelli: A ficha corrida de uma senhora racista e seus crimes reincidentes

Em 2012, Davina Apparecida Castelli foi flagrada pelas câmeras...

A democracia, a surdez e por que (infelizmente) nossos motivos pra lutar ainda são os mesmos

Muitas coisas acontecem em dez anos, inclusive nada. Por EMICIDA, no...
spot_imgspot_img

Até um dia, Roya. Rest in power, minha irmã

"Tudo o que sei sobre a dificuldade de sustentar a democracia no Brasil é tão parecido com o que enfrentamos no Sudão", disse Roya...

OAB suspende registro de advogada presa por injúria racial em aeroporto

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) suspendeu, nesta terça-feira (25), o registro da advogada Luana Otoni de Paula. Ela foi presa por injúria racial e...

Ação afirmativa no Brasil, política virtuosa no século 21

As políticas públicas de ação afirmativa tiveram seu marco inicial no Brasil em 2001, quando o governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho sancionou...
-+=