Este guia quer ajudar LGBTs a viajar pelo mundo de forma (muito mais) segura

O ‘Destination Pride’ é um site que categoriza locais que têm políticas ‘pró-LGBT’ (e, por isso, são mais seguros).

Por Andréa Martinelli Do Huffpost Brasil

CHABYBUCKO VIA GETTY IMAGES

Escolher um destino para viajar pode ser fácil, mas não é simples assim quanto se é LGBT.

O Brasil é o País que mais mata LGBTs. No mundo, pelo menos 72 países, estados independentes ou regiões ainda criminalizam a homossexualidade. Dentre esses, oito aplicam pena de morte a homossexuais, segundo levantamento da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Pessoas Trans e Intersexuais (Ilga). Mas em contrapartida, países como Espanha, Canadá e Estados Unidos reconhecem o casamento entre pessoas do mesmo sexo e, por isso, podem ser mais seguros para LGBTs.

Escolher um destino como os citados acima pode parecer simples, mas dados alarmantes mostram que, para LGBTs, fazer esta escolha pode ser mais vulnerável e corajoso do que se imagina. Foi pensando exatamente em criar um mecanismo para empoderar, deixar a população LGBT mais informada e protegida que nasceu o projeto “Destination Pride” (Destino do Orgulho, em tradução livre).

REPRODUÇÃO/DESTINATION PRIDE
Home do site “Destination Pride” usa as cores da bandeira LGBT como forma de medir quais políticas existem de forma mais consistente em cada país.

Criado pela organização canadense PFLAG em conjunto com a agência de publicidade FCB/SIX, o “Destination” é um site que pretende ser uma ferramenta que classifica lugares ao redor do mundo de acordo com suas políticas pró-LGBT — e que ajude as pessoas a fazer escolhas mais seguras e conscientes na hora de escolher seu destino de viagem.

“Isso [o preconceito] pode ser algo ‘pequeno’, como quando você está fazendo check-in no hotel e é parte de um casamento homoafetivo e precisa lidar com a forma como olham para você”, afirma Ian Mackenzie, diretor executivo e criativo da FCB/SIX ao site Fastco Design. “Eles vão de ‘micro-momentos’ como esse, para as grandes coisas, como viajar para o Egito – que tem leis e regulamentações muito graves para a comunidade LGBTQ”, completa.

REPRODUÇÃO

O projeto usa as cores da bandeira do Orgulho LGBT para mostrar as políticas que serão analisadas e classificar cada um dos países. Entre as políticas destacadas, estão: casamento igualitário, as chamadas “leis de atividade sexual”, proteções à identidade de gênero, leis contra discriminação, direitos civis e liberdades. A partir daí, uma pontuação é definida para cada local, mostrando quais são as proteções legais existentes. Quanto mais alta a pontuação, mais positivas são as atitudes e leis da cidade buscada. O Brasil, por exemplo, está no número 70 (imagem acima).

Todos os dados usados pelo site são agregados de três fontes: a base de conhecimento LGBT Equaldex, a enciclopédia on-line Wikipedia e a ferramenta de análise social Netbase. Segundo os organizadores, a ferramenta será atualizada regularmente e ressaltam que o projeto ainda está “em construção”. Estão disponíveis no site informações sobre 195 países, bem como dados específicos a nível estadual para 35 destes. Além disso, a plataforma também compila dados sobre cerca de 2.000 cidades pelo mundo.

A ONG PFLAG ressalta que está divulgando uma série de vídeos e anúncios com bandeiras dos locais de pontuação mais altos e os mais baixos nas redes sociais. Assista ao vídeo:

Além de expor os dados, o site também produz conteúdo e traz informações sobre legislação e entrevistas com membros da comunidade LGBTQ. “Como uma mulher transgênera, existem alguns países com os quais eu me sinto segura, mas há outros que talvez eu não queira visitar”, diz Lisa, mulher trans canadense em um dos vídeos do projeto. “Mais de um ano atrás, me senti segura ao viajar para os Estados Unidos, mas com as recentes mudanças, não atravessei essa fronteira porque temo uma espécie de reação contra a comunidade transgênero”, completa. Segundo o site, a nota dos Estados Unidos é 56.

+ sobre o tema

Agressões contra mulheres cresceram 44% no ano passado

Dados da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres mostram...

Chacina de Campinas: nós, homens, precisamos discutir nossa masculinidade

Não chamem de tragédia, apenas. Foi uma tragédia, mas...

“Navio Atavos” sugere reflexão sobre a ancestralidade afro-descendente

Exposição gratuita pode ser conferida até 22 de setembro. Do...

para lembrar

Luana Tolentino: O dia em que decidi não ser a mucama da sinhazinha

Em homenagem ao dia do Trabalhador Doméstico, comemorado no...

Sarah Baartman: a chocante história da africana que virou atração de circo

Há dois séculos, Sarah Baartman morreu após passar anos...

Brasil deixou impunes autores de 10.786 casos de assassinato de mulheres em 2017

O Brasil deixou de julgar 10.786 casos de assassínios...

23% das jovens negras nos EUA se identificam como bissexuais

Das mulheres que responderam à Pesquisa Geral Social de...
spot_imgspot_img

Machismo contribui para a remuneração das mulheres ser inferior à dos homens

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mulheres têm remuneração, em média, 17% menor que a dos homens e, até mesmo...

Aos 82, Benedita da Silva lembra trajetória de luta pelas minorias: “Ainda falta muito”

A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que o cenário das minorias já melhorou bastante no Brasil, mas ainda há muito a ser...

Mulheres são assassinadas mesmo com medidas protetivas; polícia prendeu 96 por descumprimento

Casos recentes de mulheres mortas após conseguirem medidas protetivas contra ex-companheiros mostram que o assunto ainda é um desafio no combate à violência contra...
-+=