França: Quem é Elisabeth Moreno, ministra para a igualdade de género ?

Após a derrota nas eleições municpais em França, o Presidente Emmanuel Macron tenta retomar o pulso com um novo governo e assim relançar o seu quinquénio, que termina em 2022 e cujas linhas mestras serão por ele definidas no discurso para assinalar o 14 de julho, dia.da festa nacional em França.

Dos 31 ministros nomeados esta segunda-feira 18 são mulheres e entre elas figura Elisabeth Monteiro, a nova ministra delegada junto do primeiro-ministro para a Igualdade de Género, Diversidade e Igualdade de Oportunidades.

De origem cabo-verdiana, ela sucede no cargo à até então secretária de Estado Marlène Schiappa, nomeada ministra delegada junto do ministro do Interior, para a Cidadania.

Desconhecida do grande público e sobretudo na política, Elisabeth Moreno, hoje com 49 anos de idade, é divorciada e mãe de duas filhas.

Ela nasceu em Casa Choca, Santo Amaro, no concelho do Tarrafal, norte da ilha de Santiago, em Cabo Verde, a 20 de setembro de 1970 e emigrou para França em 1977 com os seus pais e cinco irmãos mais novos, entre os quais uma gravemente queimada e necessitando cuidados médicos.

Até esta segunda-feira (6/07) data da sua nomeação para o governo Elisabeth Moreno era e desde janeiro de 2019, a directora-geral da empresa de tecnologia Hewlett- Packard (HP) para o continente africano, com funções em Joanesburgo.

Formada em Direito, obteve um Master em Direito Comercial, pela universidade de Paris-Est Créteil e em 2006 com 35 anos de idade obteve um MBA em “Global Business”, pela escola Essec & Mannheim, na Alemanha.

Com 20 anos de experiência no sector das tecnologias de informação Elisabeth Moreno desempenhou diversos cargos de direcção em empresas como a France Telecom, hoje Orange e as multinacionais de informática Lenovo e Dell, além da HP.

Elisabeth Moreno começou a sua carreira de empreendedora em 1991 criando com o seu primeiro marido uma empresa na área da renovação térmica, com 30 trabalhadores que ela dirigiu durante 7 anos, antes de em 1998 entrar na France Telecom (hoje Orange), onde chegou ao posto de responsável das pequenas e médias empresas – PME.

Em 2002 entrou para a multinacional informática Dell França onde permanceu até 2012, tendo dirigido a sua sucursal em Marrocos, antes de ser nomeada directora comercial para a Europa, Médio Oriente e África, integrando depois a filial francesa do gigante chinês de fabrico de computadores Lenovo, como directora comercial para a Europa e em 2017 foi nomeada PCA em França desta empresa, que abandonou em 2019 para a HP.

”, como é familiarmente conhecida, que tem como modelos Simone Veil e Nelson Mandela, tem uma forte actividade associativa, foi juíza voluntária no Tribunal de Comércio em Bobigny (arredores de Paris) e foi uma das fundadoras em Paris em 2005 do Cabo Verde Business Club e em 2008 da Casa de Cabo Verde, extintas em 2011 e destinadas a promover as empresas e a diáspora cabo-verdiana em França.

Foi também uma das fundadoras da Federação das Associações Cabo-Verdianas em França.

Em 2016 foi eleita “Mulher cabo-verdiana do ano”, também em França e é membro do grupo InterElles, uma rede de empresas comprometidas com a igualdade de género e profissional.

Em 2018, Elisabeth Moreno foi nomeada “Empreendedora do Ano em Cabo Verde“, o país onde nasceu e do qual se foi aproximando.

Num livro de Martine Blanchard, citado pelo Lusojornal, Elisabeth Moreno diz-se “profundamente cabo-verdiana, profundamente francesa e profundamente europeia” e acrescenta “adoraria um dia ser Presidente de Cabo Verde“.

Em 2019 aquando da sua nomeação para a HP, Elisabeth Moreno afirmava ao jornal Figaro “eu tinha tudo para que me fosse impossível ter sucesso na vida, os meus pais não sabem ler nem escrever, sou mulher, negra, educada num bairro pobre dos subúrbios de Paris e evolui no sector da construção e das tecnologias“.

Outras pessoas interrogadas por este diário disseram “se ela não cometer erros, poderá tornar-se na mulher mais importante no mundo dos negócios“.

A sua nomeação foi elogiada desde logo pelo executivo de Cabo Verde, através do ministro da Cultura e Indústrias Criativas, Abraão Vicente, que ontem a distinguiu como “mais uma cabo-verdiana a fazer história pela sua competência, carisma, ambição e profissionalismo”.

Já esta terça-feira (7/07) o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca manifestou à RFI o seu orgulho pela nomeaçao de Elisabeth Moreno para o governo da República de França, esperando que tal “possa até potenciar um relacionamento, relevante, crescente, entre a França e Cabo Verde”.

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