Índice de assassinatos de negros em Alagoas é o maior do Brasil

Estudo indica que em 2002 foram 650 homicídios e em 2010 o número de mortes pulou para 1.690

A partir de maio, a Secretaria da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos pretende realizar um estudo das áreas mais críticas no Estado de Alagoas, a começar por Maceió. A informação é da titular da pasta, Kátia Born. Segundo ela, é essencial ouvir a história de vida dos moradores, pois somente dessa maneira seria possível diagnosticar os problemas e viabilizar soluções para a criminalidade racial. “Vamos pegar a Superintendência da Criança e do Adolescente; a partir de maio, vamos fazer um mapeamento de todas as mortes de janeiro pra cá. Vamos pedir apoio à Uneal [Universidade Estadual de Alagoas], Ufal [Universidade Federal de Alagoas] e Uncisal [Universidade Estadual de Ciências de Saúde de Alagoas]. A partir daí vamos ter um perfil do cidadão oprimido. Saberemos se o problema principal é a questão das drogas, se é a inclusão do emprego e renda. Eu quero me dedicar nos próximos três meses a esse tipo de pesquisa”, detalhou Kátia. O primeiro lugar previsto para as visitas da secretaria é o bairro do Jacintinho. “Eu mapeando o Jacintinho terei mais ou menos a noção de quais são os problemas frequentes da população”, disse

.Além do Jacintinho, os bairros mais vulneráveis à violência racial, de acordo com a secretária, que é ex-prefeita de Maceió, são Clima Bom I e II, Benedito Bentes, Vergel do Lago, Bom Parto e Tabuleiro. No caso dos municípios, Kátia chama atenção para São Miguel dos Campos, Arapiraca e Rio Largo. Para que políticas públicas afirmativas sejam realizadas, segundo a secretária, se faz necessário a integração entre as instâncias estadual, municipal e federal. “A promoção do lazer e do esporte é muito importante, mas é uma competência do poder local. Seria interessante se as escolas promovessem atividades esportivas aos finais de semana, com a promoção de vôlei, futebol e projetos teatrais como acontecia no Projeto Cidadania”, falou Kátia, referindo-se à sua administração enquanto prefeita de Maceió.

A secretária fez críticas ao trabalho de pacificação realizado nas comunidades carentes de Maceió, como por exemplo, no Conjunto Carminha, no Benedito Bentes. “Desde que a gente veio fazer um diagnóstico do Carminha, não houve um melhoramento da escola do município”, critica.Kátia Born informa que deve solicitar à Secretaria de Defesa Social (Seds) as estatísticas de homicídios para iniciar a pesquisa de campo.

Dor maior

A partir de maio, a Secretaria da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos pretende realizar um estudo das áreas mais críticas no Estado de Alagoas, a começar por Maceió. A informação é da titular da pasta, Kátia Born. Segundo ela, é essencial ouvir a história de vida dos moradores, pois somente dessa maneira seria possível diagnosticar os problemas e viabilizar soluções para a criminalidade racial. “Vamos pegar a Superintendência da Criança e do Adolescente; a partir de maio, vamos fazer um mapeamento de todas as mortes de janeiro pra cá. Vamos pedir apoio à Uneal [Universidade Estadual de Alagoas], Ufal [Universidade Federal de Alagoas] e Uncisal [Universidade Estadual de Ciências de Saúde de Alagoas]. A partir daí vamos ter um perfil do cidadão oprimido. Saberemos se o problema principal é a questão das drogas, se é a inclusão do emprego e renda. Eu quero me dedicar nos próximos três meses a esse tipo de pesquisa”, detalhou Kátia.

O primeiro lugar previsto para as visitas da secretaria é o bairro do Jacintinho. “Eu mapeando o Jacintinho terei mais ou menos a noção de quais são os problemas frequentes da população”, disse.Além do Jacintinho, os bairros mais vulneráveis à violência racial, de acordo com a secretária, que é ex-prefeita de Maceió, são Clima Bom I e II, Benedito Bentes, Vergel do Lago, Bom Parto e Tabuleiro.

No caso dos municípios, Kátia chama atenção para São Miguel dos Campos, Arapiraca e Rio Largo. Para que políticas públicas afirmativas sejam realizadas, segundo a secretária, se faz necessário a integração entre as instâncias estadual, municipal e federal. “A promoção do lazer e do esporte é muito importante, mas é uma competência do poder local. Seria interessante se as escolas promovessem atividades esportivas aos finais de semana, com a promoção de vôlei, futebol e projetos teatrais como acontecia no Projeto Cidadania”, falou Kátia, referindo-se à sua administração enquanto prefeita de Maceió.A secretária fez críticas ao trabalho de pacificação realizado nas comunidades carentes de Maceió, como por exemplo, no Conjunto Carminha, no Benedito Bentes. “Desde que a gente veio fazer um diagnóstico do Carminha, não houve um melhoramento da escola do município”, critica.Kátia Born informa que deve solicitar à Secretaria de Defesa Social (Seds) as estatísticas de homicídios para iniciar a pesquisa de campo.

Preconceito

O comandante de policiamento da capital, coronel Gilmar Batinga, afirma que a polícia não leva em consideração a raça do indivíduo que é submetido a uma abordagem. Segundo ele, a polícia deve estar preparada para combater a criminalidade como um todo. “A polícia não quer saber se o infrator é negro ou branco”, afirmou.

O coronel não quis se pronunciar sobre a crescente de homicídios no Estado que consta no último Mapa da Violência, do Instituto Sangari. “Com relação à questão de homicídios cabe à delegacia investigar”. O auxiliar de lava a jato e motorista, Wellington da Silva, vê a afirmativa do comandante com preocupação.

Da cor negra e adepto da cultura reggae o trabalhador diz já ter vivenciado na pele tensão por ter cabelos longos e trançados. “Ainda acontece isso. Tinha dread locks, que na verdade é uma expressão artística, de um movimento do qual eu faço parte, o movimento reggae. Só que era mal interpretado. Muitas vezes tive que me submeter a um famoso baculejo da polícia. Eles acham que você está portando alguma coisa no seu cabelo. Que você é usuário. Graças a Deus não sou usuário, não costumo beber e nunca fumei”, comentou o motorista. Welligton considera que o negro que anda pelas ruas à noite é mais visado, tanto pelos “bandidos”, como pela polícia. “Às vezes você está voltando do trabalho a pé, só carrega material de trabalho, mas mesmo assim é necessário ter que mostrar o seu material. Eu estou acostumado, mas não quer dizer que vou concordar com tudo isso. A polícia sabe quando a movimentação é suspeita, quando dois indivíduos estão numa moto na espreita de fazer o mal a alguém. Além de correr o risco de ser mal interpretado eu corro o risco de ser roubado e conto com a ajuda da polícia. (D.M.).

 

 

 

 

Fonte: Tribuna Hoje

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