“Já fiz plásticas. De algumas eu não me arrependo”, diz Elza Soares

FONTEÉpoca, por Bruno Astuto
"Com a idade só ganhei coisas. Sou muito vaidosa, preciso estar bem arrumada", diz Elza Soares (Foto: Felipe O'Neil/ ÉPOCA)

A idade dela é um desses enigmas. Mas o tempo é um detalhe para Elza Soares, 66 anos de carreira, que acaba de ganhar na categoria Melhor Álbum do Prêmio da Música Brasileira, por A mulher do fim do mundo. O CD, diz ela, reflete questões atuais como assédio e preconceito. “Queria falar de mulheres, dos negros e do mundo gay.” A cantora sobe ao palco do Circo Voador, no Rio de Janeiro, no sábado (2), com o show inspirado no novo trabalho.

O que a idade trouxe de melhor ou pior?

Com a idade só ganhei coisas. Sou muito vaidosa, preciso estar bem arrumada. Passo cremes, cuido da alimentação, tenho meu maquiador, o Wesley. Vivemos num país em que idade é uma coisa muito séria.

Você usa Botox?

Não tenho usado ultimamente. Já fiz plásticas. De algumas, não me arrependo, não. Aqui no Brasil, não existe respeito, dignidade, você precisa sempre ter a bunda dura. É uma ditadura.

Está namorando?

Estou é me curtindo, não sabia que me namorar era tão bom. E não sinto falta de nada. Em casa, a vida é muito calma, escuto música. Gosto de Chet Baker. E quase não falo, fico em silêncio para não gastar minha voz. Sempre fui namoradeira, mas agora estou dando um tempo.

Você se considera feminista?

Sim, uma feminista séria. Senão, na época do Garrincha, não teria vencido aquela guerra. Toda mulher, se luta, consegue o que quer. Se você tiver coragem e fé, você tem tudo. Hoje, sinto que as pessoas não têm fé nem amor-próprio. E, quando isso falta, o caráter vai embora. Sou a que não tem medo.

A crise a tem afetado?

Eu sinto a crise na pele, como todo mundo. Mas não é ela que vai me fazer ficar de cabeça baixa. Faltou grana para meu DVD, mas não vou me abalar. Se não tem patrocínio, a gente arregaça as mangas e faz. Vamos fazer o financiamento coletivo, ajudar a comunidade de Santo André. Somos todos iguais: mulheres, negros, gays. A luta nunca acaba e vou cantar até o fim

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