Jovem baleado durante abordagem de militares na Maré tem a perna amputada

Vitor Santiago Borges, de 19 anos, baleado na madrugada do último dia 12 no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, teve a perna esquerda amputada, de acordo com o seu irmão, Luciano Borges. O rapaz, que está internado na Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital estadual Getúlio Vargas, foi atingido nas pernas e no tórax durante uma abordagem de militares da Força de Pacificação na Favela Salsa e Merengue. Vitor chegou a ficar dois dias em coma, mas já está consciente desde sábado.

Por Carolina Heringer no Extra

Luciano, de 26 anos, contou que o irmão começou a ter problemas de circulação na perna atingida, por isso a amputação foi necessária.

– O Vitor acabou perdendo a perna, mas pelo menos está vivo. Ele está conformado e agradecendo pela vida. O importante é que meu irmão está fora de risco. Ele melhorou muito e está reagindo bem ao tratamento – contou.

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A assessoria de imprensa da Secretaria estadual de Saúde informou apenas que Vitor tem estado de saúde grave, porém estável.

Nesta quinta-feira, a advogada Fernanda Neiva, que defende Vitor e os quatro jovens que estavam com ele no carro, vai entrar com uma notícia-crime no Ministério Público Federal solicitando que a conduta dos militares envolvidos na abordagem seja investigada.

– A postura dos militares foi totalmente equivocada e eles precisam ser responsabilizados. Houve, por parte deles, tentativa de homicídio ao atirarem contra os rapazes – afirma Fernanda, que estuda ainda entrar com uma ação para que os rapazes sejam indenzados por danos morais e materiais.

Vitor estava num carro com quatro amigos, na Favela Salsa e Merengue, quando foram surpreendidos por militares da Força de Pacificação, que abriram fogo contra o automóvel. Segundo relatos de colegas que estavam com ele, o grupo já havia sido parado por outra equipe de militares e liberado para seguir. O motorista do veículo, Adriano Bezerra, de 33 anos, chegou a ser preso em flagrante pelos militares, mas conseguiu liberdade dias depois. O rapaz foi baleado de raspão no braço esquerdo.

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Quando o caso veio à tona, a assessoria de imprensa da Força de Pacificação da Maré informou que na madrugada do dia 12 houve troca de tiros entre os militares e traficantes. O motorista do veículo teria recebido ordem para parar, o que não teria sido obedecido. Foram feitos, então, disparos na direção do veículo para que parasse.

Nesta quarta-feira, questionada pelo EXTRA sobre o andamento das investigações do caso, a Força de Pacificação respondeu apenas que a solicitação havia sido encaminhada para o Centro de Comunicação Social do Exército.

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