Jovem usou empregada doméstica para burlar sistema de cotas na UERJ

 

 

RUBEN BERTA,

RIO – Em entrevista na manhã desta quarta-feira, o reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, confirmou que um estudante de Medicina da universidade foi expulso no fim do ano letivo de 2013 por ter fraudado o sistema de cotas no vestibular da instituição. É o primeiro caso confirmado desde que o regime foi criado, no início da década passada. Segundo Vieiralves, trata-se de um jovem de classe média da Zona Sul do Rio que, durante a inscrição para o concurso, afirmou ser dependente de sua empregada doméstica para poder se enquadrar no critério que determina que a cota só vale se o candidato tiver renda per capita familiar de R$ 960 mensais. O rapaz cursou o ensino médio numa escola pública, caso que na instituição tem direito a 20% do total de vagas.

– O caso foi denunciado por colegas dele, que perceberam a distorção. Abrimos um procedimento, demos amplo direito de defesa, mas ele próprio acabou confessando que burlou a documentação. O jovem foi expulso e encaminhamos o caso para o Ministério Público e para a Polícia Civil, já que ele terá que responder a processo penal – explicou Vieiralves.

Conforme revelou o GLOBO com exclusividade, desde outubro do ano passado, já foram abertas nove sindicâncias para apurar denúncias de fraude nas cotas da Uerj. Há três ainda em andamento. O reitor da Uerj, porém, negou que haja qualquer investigação em curso a respeito de tentativa de burlar a reserva de vagas para negros e indígenas, que também é de 20% e é autodeclaratória. Ou seja, é o próprio aluno quem faz a definição.

Nesta terça-feira, o diretor-presidente da ONG Educafro, frei David dos Santos, havia dito que há uma série de denúncias sobre fraudes em cotas raciais que não vêm sendo tratadas com a devida atenção pela instituição. O reitor Vieiralves afirmou desconhecer esse tipo de denúncia e acrescentou que vai enviar um ofício para frei David pedindo que relate formalmente as suspeitas.

Vieiralves destacou que, estatisticamente falando, as nove sindicâncias são insignificantes diante da imensa quantidade de vagas existentes nas cotas. Mas ele ressaltou que as investigações são importantes para mostrar que a universidade está atenta:

– É o sinal de que estamos vigilantes. Que a classe média dispute de forma correta as vagas que lhe são destinadas. Acredito que está ocorrendo hoje em dia um desespero diante da falta de uma oferta suficiente de vagas, em geral e principalmente nas públicas. Então começam a surgir novas tentativas de fraudes a até quadrilhas tentam se estabelecer. É uma pena porque somos educadores, não somos polícia, mas temos que agir como investigadores.

 

 

Fonte: O Globo

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