Sete meses depois de ter visto sua filha Valentina, de 12 anos, sofrer assédio sexual nas redes sociais enquanto participava do programa MasterChef Junior, Daniela Schmitz decidiu se posicionar sobre o caso e sobre as propagandas machistas.
Do Brasil Post
Schmitz, que é vice-presidente executiva de engajamento para marketing na agência Edelman Significa, se manifestou por meio de um texto publicado no site Meio e Mensagem.
No texto, a executiva afirma discordar da tese de que os assediadores de sua filha são “doentes e pedófilos”:
“A maior parte deles são simplesmente rapazes que desde sempre foram impactados por imagens e mensagens nas quais as mulheres ou pedaços delas eram tratadas como objetos sexuais. Imagens e mensagens contidas nos anúncios, nos filmes e outdoors que os leitores deste jornal criaram, aprovaram e veicularam. E assim, cresceram, crescemos… ajudando através da publicidade a construir a cultura do estupro.”
Inspiração
O impulso de escrever, diz Daniela, surgiu após ela ter assistido a um emocionante discurso da publicitária Madonna Badger, apresentado neste domingo (20) durante o Festival Internacional de Criatividade de Cannes, que premia anualmente o melhor da criação publicitária.
A agência novaiorquina Badger & Winter, da qual Madonna é sócia, lidera a campanha #WomenNotObjects (#MulheresNãoObjetos), contra a objetificação da mulher na publicidade.
Veja, abaixo, um vídeo da campanha (é possível colocar legendas em português clicando na engrenagem):
A mãe de Valentina propõe que as pessoas assistam à campanha de Badger, reflitam e mudem sua forma de pensar. Mas diz que é preciso ir além:
“Mais do que assistir, refletir, mudar o mindset, eu recomendo que a gente radicalize, deixando de consumir marcas que promovam a objetificação da mulher (…) Porque isso não são campanhas publicitárias, isso é contribuir ativamente para a construção de um padrão de comportamento estuprador, desumano e que coloca a mulher, desde bem pequena, num contexto profundamente humilhante e incentiva os homens, desde cedo a tratá-las como objetos.”
E completa:
“Não é brincadeira, não é sexy e muito menos engraçado. Isso não é nem mesmo propaganda. Isso é algo que vai contra a reputação das marcas e das pessoas por trás dessas marcas. E isso a Badger & Winters também comprovou através de suas pesquisas.”
Falou tudo, Daniela!