Mateus Bahiense e os percussionistas da Roda de Djembes lançam o disco “Djun”

Artista já tem planos para outro álbum e um DVD

 

Foram 10 anos de trabalho até que o baterista Mateus Bahiense e os percussionistas da Roda de Djembes chegassem ao recém-lançado disco instrumental ‘Djun’. O entrosamento e a consciência do que deveria ser gravado no estúdio, ano passado, em Belo Horizonte, eram tamanhos que ele e os outros oito músicos registraram as oito faixas em inacreditáveis 20 horas – e cada uma foi tocada três vezes. Uma mistura benfeita de elementos africanos e brasileiros, com um tempero sutil de eletrônica.

A Roda de Djembes, lembra Mateus, começou na Feira Hippie, no Centro da capital mineira, em 2003. O objetivo sempre foi o de estudar semanalmente ritmos do Centro-Oeste africano. “Virou uma atividade, um grupo artístico, quando sentimos a necessidade de tocarmos e não ficarmos só no estudo”, conta ele. O grupo se encontra até hoje no centro Espaço Cultural Casinha.

Apesar de ter assinado os arranjos e quase todas as faixas, Mateus prefere dizer que “todas as músicas pertencem à humanidade”, como está descrito no envelope que guarda o CD. “No disco há ideias-células que são abertas, sem propriedade intelectual, prontas para serem orientadas por diversas fontes. Esse trabalho é uma missão de vida. Não queremos ser donos de nada. Cada vez que a gente toca, sai de um jeito. Não é como no jazz, que tem tema e tal. A todo segundo, tudo muda. Não pode cochilar”, diz.

O álbum tem djembe, conga, gunga, sangban e dununbá, entre outros instrumentos de percussão. Mateus se limitou a tocar bateria formada apenas por bumbo, caixa e chimbal. “Tenho um papel mais de regente e arranjador. É um disco em que o coletivo é que manda, tudo ficou nivelado. Estou inserindo alguma eletrônica, caso do wave drum. Não adianta querer fazer música tradicional e colocar num palco. É preciso explorar novas possibilidades, daí a eletrônica e a mixagem”, explica.

Uma das participações que mais chamam a atenção é a do senegalês Zal Sissokho, que com sua kora (espécie de harpa africana) conferiu brilho especial à música ‘Kora’. “Ele é um grande amigo, que conheci há uns três anos, quando veio pela primeira vez ao Brasil. Ele trouxe uma bênção africana para o disco. Vem de um lugar onde o som que estamos fazendo é natural e não só veio gravar conosco, como gostou muito”, afirma. Inclusive, Mateus tornou-se baterista do músico quando ele vem tocar no país.

Interior Mateus mora em Milho Verde, na região mineira do Jequitinhonha, há pouco mais de um ano. “Vim para cá depois do nascimento do meu filho. Eu e minha esposa trabalhamos com arte e o processo artístico precisa de tempo, espaço e inspiração”, observa. Além de continuar trabalhando como antes (tocando com Vander Lee, Juliana Perdigão, Raquel Coutinho e o trio formado por Vitor Santana, João Pires e Marcos Suzano), o músico está estruturando uma rádio comunitária e um estúdio de gravação e ensaio.

Fonte: Diário de pernambuco

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