Ministério Público denuncia 9 policiais por ‘exterminio’ na Bahia

O Ministério Público do Estado ajuizou denúncia contra nove policiais militares envolvidos na execução de 12 pessoas na Vila Moises, no Cabula, em ação que aconteceu na madrugada de 6 de fevereiro último; o promotor Davi Gallo disse nesta segunda-feira que a morte dos 12 jovens “foi uma emboscada” e que “dias antes, três dos 11 policiais foram à localidade numa operação onde um deles tomou um tiro no pé. Quando o agente quase perdeu um dos dedos, estes policiais, acompanhados de mais oito, voltaram à localidade e montaram uma emboscada”; os PMs podem pegar até 168 anos de prisão; Gallo afirmou ainda que foram feitos quase 500 disparos, com uso de três metralhadoras

no Brasil 24/7

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) ajuizou denúncia contra nove policiais militares envolvidos na execução de 12 pessoas na Vila Moises, no Cabula, e por lesões provocadas em outras seis em ação que aconteceu na madrugada de 6 de fevereiro último.

Autores da denúncia, os promotores de Justiça Davi Gallo (foto), José Emmanoel Lemos, Cassio Marcelo de Melo e Ramires Tyrone, pedem ainda a prisão preventiva dos nove denunciados, a fim de garantir a ordem pública e o regular andamento do processo, e a realização de reprodução simulada dos fatos.

O promotor Davi Gallo disse nesta segunda-feira (18) que a morte dos 12 jovens “foi uma emboscada”. Segundo ele, “dias antes, três dos 11 policiais foram à localidade numa operação onde um deles tomou um tiro no pé. Após o ocorrido, quando o agente quase perdeu um dos dedos, estes policiais, acompanhados de mais oito, voltaram à localidade e montaram uma emboscada”.

“Essa operação foi supostamente uma vingança. Nós investigamos exaustivamente esta versão dos PMs, mas não encontramos justificativas para a incursão ao local. Nem mesmo a denúncia anônima que eles diziam ter recebido foi encontrada”, disse o promotor em entrevista coletiva nesta tarde. Para Gallo, a ação da PM foi “execução sumária”.

A denúncia do MP-BA indicia o sub-tenente Julio Cesar Lopes Pitta, o sargento Dick Rocha de Jesus e soldados Robemar Campos de Oliveira, Antônio Correia Mendes, Sandoval Soares Silva, Marcelo Pereira dos Santos, Lazaro Alexandre Pereira de Andrade, Isaac Eber Costa Carvalho de Jesus e Lucio Ferreira de Jesus.

Os policiais podem pegar até 168 anos de prisão. “Cada um vai responder na medida da sua culpabilidade. Eles estão respondendo a 12 homicídios triplamente qualificados e seis tentativas de homicídios triplamente qualificados, todos por motivo torpe, cujo somatório das penas mínimas dá um total de 168 anos para cada um, em caso de condenação”, disse o promotor.

Davi Gallo afirmou ainda que após os quase 500 disparos (feitos com armas de PMs e com auxílio de pelo menos três metralhadoras) ouviu-se um silêncio de dois minutos e, logo depois, outros tiros foram deflagrados.

O Ministério Público ressalta que não há nenhuma denúncia contra a Polícia Militar como corporação nem contra o Estado da Bahia, mas apenas contra os policiais.

+ sobre o tema

Movimento contra racismo protesta por ofensas à cabeleireira

Manifestação em frente ao Fórum de Sorocaba foi contra...

Fotógrafo do Jornalistas Livres é morto a facadas no centro de São Paulo

O fotógrafo Felipe Terremoto, de 25 anos e ligado ao coletivo Jornalistas...

ONU e a luta contra a discriminação racial

Movimentos extremistas racistas baseados em ideologias que buscam promover...

Becos, Viellas, Afoxé e Congado

A rua, um espaço de liberdade antes da pandemia...

para lembrar

Vidas negras importam, vidas negras importadas e vidas negras expropriadas

“Pela primeira vez na história humana, o nome Negro...

Na ‘branquíssima’ Salvador, mais um caso de racismo em loja de shopping

Ontem, Ana Paula Bispo, estudante de Produção em Comunicação...

Los Angeles: Treze detidos em manifestações contra o racismo

  Pelo menos 13 pessoas foram presas em Los...
spot_imgspot_img

OAB suspende registro de advogada presa por injúria racial em aeroporto

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) suspendeu, nesta terça-feira (25), o registro da advogada Luana Otoni de Paula. Ela foi presa por injúria racial e...

Ação afirmativa no Brasil, política virtuosa no século 21

As políticas públicas de ação afirmativa tiveram seu marco inicial no Brasil em 2001, quando o governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho sancionou...

Decisão do STF sobre maconha é avanço relativo

Movimentos é uma organização de jovens favelados e periféricos brasileiros, que atuam, via educação, arte e comunicação, no enfrentamento à violência, ao racismo, às desigualdades....
-+=