Morre Bebo Valdés, uma das lendas da música cubana

Bebo Valdés, uma das maiores figuras da música cubana, morreu esta sexta-feira em Estocolmo, na Suécia, aos 94 anos, noticiou o «El País». As causas da morte não foram reveladas, mas, para além da idade avançada, o músico sofria da doença de Alzheimer.

Pianista e compositor nascido em 1918, Bebo começou a sua carreira profissional nos clubes de Havana durante os anos 1940, e um dos primeiros mambos que criou intitulava-se «La rareza del siglo». Numa altura em que muitos artistas norte-americanos bebiam inspiração nas viagens a Cuba, Bebo Valdés chegou a gravar com Nat King Cole.

Bebo é considerado um dos principais percursores do jazz latino e de uma sonoridade tão própria de Cuba que cruzou ritmos latinos com africanos.

Após a revolução cubana, o músico aproveitou uma digressão mundial para exilar-se na Suécia, nos anos 60. Foi aí que reconstruiu a sua vida, casando-se pela segunda vez. Do primeiro casamento, ainda em Cuba, resultaram oito filhos, um dos quais é hoje também um artista de renome internacional, Chucho Valdés.

Durante três décadas, Bebo esteve afastado dos grandes palcos, e chegou mesmo a tocar piano num dos hotéis de Estocolmo. Até que, em 1994, Paquito D’Rivera convidou-o para gravar um novo disco, «Bebo Rides Again», com clássicos cubanos e temas originais.

Em 2000, no filme «Calle 54», do espanhol Fernando Trueba, Bebo Valdés reencontra em estúdio o filho, Chucho, juntamente com outros músicos latinos e amigos de longa data como Israel López Cachao e Patato Valdés. Do documentário resultou também o disco «El arte del sabor», que acabou por vencer o Grammy para Melhor Álbum de Música Tropical Tradicional.

Outro dos cinco Grammy Awards que venceu ao longo da carreira veio de «Lágrimas Negras», trabalho gravado com Diego El Cigala.

Numa nova colaboração com Fernando Trueba, Bebo foi o autor da banda sonora do filme de animação «Chico & Rita», nomeado para os Óscares em 2012.

O último álbum do pianista foi gravado precisamente com o filho – «Bebo & Chucho Valdés, juntos para siempre», recuperou o repertório de clássicos como «Tres Palabras», «Son de la Loma» e «Sabor a Mí», numa homenagem mútua entre pai e filho.

 

Fonte: IOL

+ sobre o tema

Nazareth, PRESENTE!

Comunicamos o falecimento da nossa companheira Eliane Nazareth Oliveira,...

12 depoimentos que mostram que vale a pena discutir música e racismo no Brasil

Semana passada postei um artigo no Medium sobre como...

Aos 95 anos, o líder negro Abdias Nascimento tem trajetória contada em biografia

“Eu sempre fui um negro desaforado”, admite o intelectual,...

para lembrar

Espaço de fala da juventude da periferia, Slam BR reúne representantes de todo o país

Em sua sexta edição, edição será realizado no Sesc...

Quilombos de São Paulo recebem profissionais do Programa Mais Médicos

  Recepção aos médicos acontece nesta quinta, dia...

Músico cria projeto para preservar tradições em comunidade quilombola

Comunidade quilombola de Marinhos, em Brumadinho, na Região Metropolitana...

Processo pode transformar forró em patrimônio cultural

Iphan vai examinar pedido que oficializa preservação da tradição...
spot_imgspot_img

Festival Latinidades chega à 17ª edição e convoca público para aclamar o trabalho de mulheres negras

Além da sua cidade natal, Brasília, evento volta a acontecer em Salvador e São Paulo, e apresenta uma programação especial no Quilombo Mesquita, localizado...

Livro semeia em português cosmovisão bantu-kongo reunida por Bunseki Fu-Kiau

O primeiro objetivo do pesquisador congolês Kimbwandende Kia Bunseki Fu-Kiau ao terminar "O Livro Africano sem Título", em 1980, e que finalmente é publicado em português...

O apagamento da militância negra durante a ditadura militar no Paraná

A ditadura militar no Brasil, instaurada há exatos 60 anos, reprimiu e silenciou a luta dos movimentos raciais. Documentos encontrados pelo UOL junto ao...
-+=