‘Não vou usar camiseta nem vou pedir Justiça’, diz a mãe de vítima de chacina

Os amigos de infância Eduardo Oliveira Santos, 41, e Thiago Marcos Damas, 32, se sentaram em um bar em Osasco (SP) para tomar uma cerveja na noite desta quinta-feira (14).

Por Laura Lewer e Thiago Amâncio Do Folha

Momentos depois, foram duas das vítimas da chacina que deixou 18 mortos nas cidades de Osasco e Barueri, ambas na Grande São Paulo.

O número de mortos e feridos foi confirmado no final da tarde pelo secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes. Inicialmente, a PM havia informado um total de 20 mortes, sendo corrigida pelo secretário em seguida. Posteriormente, também foi descartada relação entre uma morte de Itapevi com os demais crimes.

Eduardo morreu na hora, e Thiago, no hospital, após passar por cirurgia. Segundo a família, nenhum deles tinha passagens pela polícia.

“Foi o caso de estarem no lugar errado e na hora errada”, afirma o companheiro de Eduardo, Jean Lopes, 34.

Há três anos, o filho da costureira Rosângela Gonçalves, 50, também morreu em uma chacina em Osasco. Nesta quinta-feira ela perdeu o amigo Presley Santos Gonçalves, 26.

“Quando morre um policial, pode saber que em até 15 dias vai ter uma chacina”, diz. “Nunca vai mudar, aqui não existe Justiça”, completa a costureira.

De acordo com familiares, Presley, pai de dois filhos, estava na frente da casa de um tio, quando um homem em uma moto atirou seis vezes nele.

Já a irmã de Eduardo Bernardino Cézar, 26, conta que ele havia saído para comprar um lanche com o amigo na rua de sua casa. Segundo ela, dois motoqueiros começaram a atirar. O amigo conseguiu fugir.

“Ele nunca mexeu com nada de errado”, diz Tânia Cristina Cézar. Eduardo deixa uma filha de dois anos.

Fernando Luiz de Paula, 34, também estava bebendo com amigos no bar. “Só sei que meu filho morreu. Não vou usar camiseta com a foto dele, não vou pedir Justiça. Vou continuar meus corres porque ninguém vai me ajudar”, diz a mãe, Zilda Maria de Paula.

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