Nós repudiamos: Haitiana é vítima de xenofobia de EX-leitor do HuffPost Brasil

Na última segunda-feira, o HuffPost Brasil divulgou uma série de reportagens sobre a xenofobia, um crime totalmente silenciado no Brasil. Descobrimos que enquanto os crimes cresceram mais de 600%, menos de 1% por cento dos casos terminou na Justiça. Eles se perdem pelo meio do caminho por causa do medo e do desconhecimento da vítima. E sabem quem é a maioria delas? Os refugiados.

no Edgar Maciel no HuffPost Brasil

Durante a divulgação da série centenas de nossos leitores se mostraram indignados com o crescimento do preconceito no Brasil contra pessoas que só estão tentando recomeçar suas vidas. Mas o nosso ex-leitor Rafael Santos parece não ter entendido a mensagem do nosso conteúdo e compartilhou uma imagem comparando a foto de uma refugiada com um macaco. Decidimos não mostrar a imagem pois não compactuamos com o preconceito e, tal ação, só reproduziria, mais uma vez, a xenofobia de Rafael.

Rafael demonstra ser o pior tipo do xenófobo. Aquele que se esconde atrás de uma tela e ataca seus semelhantes sentado do sofá de casa. Aquele tipo mais covarde, que cria um perfil fake, e destila seu preconceito por meio de um disfarce, de uma segunda face. Rafael pode ser Pedro, José, Carlos ou João. Rafael, na verdade, representa o verdadeiro brasileiro: o imigrante que não aceita novos imigrantes e destila seu preconceito por onde passa.

Pensa que é indestrutívelinabalávelimprocessável. E podemos – todos nós – mostrar ao contrário.

HuffPost Brasil não vai compactuar com o silêncio da xenofobia. Nós repudiamos esse ato. Precisamos mostrar e divulgar o remetente do preconceito. E, dessa vez, o destinatário do preconceito acordou.

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A mulher dessa foto é a Carolina Pierre, de 41 anos. Nesta semana, contamos que ela tinha duas marcas de xenofobia marcadas na alma. No começo do ano, ela trabalhava em uma empresa de limpeza em São Paulo e foi demitida porque os clientes de alto padrão não gostavam de ser atendidos por uma haitiana negra. Meses depois, não foi aceita em um táxi “porque iria sujar o banco do taxista”. Nas duas, Carolina não denunciou. “Eu fiquei chocada, com muita tristeza”, contou.

O Rafael foi a terceira marca. E teve muito “azar”. A foto chegou hoje até o perfil da Carolina. Ela chorou, assim como das duas primeiras vezes. “Uma pessoa dessa deve ser muito ruim de coração”, disse ao HuffPost Brasil. “Esse foi o comentário mais humilhante e triste que alguém poderia fazer.”

Mesmo chocada com a situação, Carolina não se calou. Procurou o padre Paolo Parisi, da Igreja Missão da Paz, que imediatamente contatou a nossa redação. “Nós estamos dando todo o apoio à refugiada e acionamos nosso jurídico para analisar o caso”, explicou. O perfil, assim como os comentários, foram registrados e todas as provas serão entregues à Polícia Civil de São Paulo.

Carolina diz que se arrepende de ter vindo ao Brasil. Desempregada e vítima do preconceito, ela quer voltar para casa. “Como vocês brasileiros conseguem tratar um negro assim? Logo vocês?”, questiona Carolina.

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