Por: ALESSANDRA CORREA
Em clima de campanha, o presidente Barack Obama voltou à estrada nesta segunda-feira em uma viagem de ônibus que vai percorrer 900 quilômetros no sul dos Estados Unidos. Anunciada pela Casa Branca como uma turnê para promover o plano de empregos apresentado por Obama ao Congresso no mês passado, a caravana passa por dois Estados considerados importantes nos esforços do presidente para conquistar um segundo mandato nas eleições de 2012.
A primeira parada do roteiro é a Carolina do Norte, considerada por analistas estratégica na campanha de reeleição de Obama por conta de sua população formada por minorias e jovens eleitores, dois grupos que foram cruciais para sua eleição em 2008. Na terça-feira, o presidente segue para a Virgínia. Em ambos os Estados, obteve uma vitória apertada na eleição passada.
A bordo de um ônibus blindado, Obama vai fazer paradas em pequenas comunidades e conversar com a população, em busca de apoio para sua proposta sobre geração de empregos. O roteiro prevê pelo menos três grandes discursos, além de visitas a escolas, quartéis do corpo bombeiros, pequenas empresas e comunidades rurais. Na quarta-feira, a primeira-dama, Michelle Obama, se une ao marido na parte final do trajeto.
Republicanos
Enquanto Obama estiver em sua turnê, os principais candidatos à indicação do Partido Republicano para concorrer nas eleições de 2012 estarão se dirigindo a Las Vegas, onde participam de um debate nesta terça-feira. Assim como ocorreu na viagem de ônibus feita por Obama há dois meses por Estados do meio-oeste, a nova caravana é realizada sob críticas dos republicanos, que afirmam que o presidente está mais preocupado em fazer campanha do que em cumprir suas funções em Washington.
Em um comunicado, a campanha do pré-candidato Mitt Romney, que até agora aparece entre os líderes nas pesquisas de intenção de voto do Partido Republicano, disse que durante o governo de Obama a Carolina do Norte perdeu mais de 125 mil empregos e enfrenta uma taxa de desemprego de dois dígitos. O giro de Obama também começa depois da divulgação dos dados mais recentes sobre a arrecadação dos candidatos.
No terceiro trimestre, a campanha de Romney arrecadou mais de US$ 14 milhões (cerca de R$ 24 milhões), atrás somente dos US$ 17 milhões (cerca de R$ 29 milhões) obtidos pelo governador do Texas, Rick Perry, que também aparece bem posicionado nas pesquisas. Os valores, porém, ficam muito abaixo dos US$ 70 milhões (cerca de R$ 121 milhões) arrecadados pela campanha de Obama no mesmo período.
Plano de empregos
Desde a última grande turnê de Obama, em agosto, o desemprego não saiu do patamar de 9%, os índices de aprovação do presidente continuam baixos e o temor de que os Estados Unidos entrem em nova recessão se agravou ainda mais. Além disso, os protestos iniciados no mês passado com o movimento “Ocupe Wall Street”, em Nova York, se espalharam pelo país, em manifestações contra o alto nível de desemprego, as grandes corporações e a desigualdade.
Durante a viagem, Obama pretende reforçar a mensagem de que seu plano no valor de US$ 447 bilhões (cerca de R$ 775 bilhões) é a melhor solução para reduzir os índices de desemprego – uma das maiores preocupações do eleitorado americano. O plano prevê, entre outros pontos, investimentos em infra-estrutura, para incentivar a geração de empregos na construção civil, e cortes de impostos para pequenas empresas que contratarem novos funcionários.
Um dos itens mais polêmicos é o que prevê um aumento de impostos para milionários, rejeitado pelos republicanos, que se recusam a aceitar qualquer medida que signifique aumento de impostos. Na semana passada, o projeto foi derrotado no Senado – onde o Partido Democrata, de Obama, tem a maioria. No entanto, a Casa Branca busca agora dividir o plano em propostas menores e independentes, para tentar obter apoio a pelo menos parte das medidas.