ONU diz que ação contra imigrantes na Itália é preocupante

Reuters

ROMA – Representantes de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) demonstraram preocupação nesta terça-feira com os atos de racismo contra imigrantes na Itália. Na última semana, três dias de confrontos envolvendo imigrantes africanos, policiais e habitantes da região de Rosarno, na Calábria, deixaram mais de 60 feridos. Os choques resultaram na transferência dos estrangeiros a outras áreas do país.

 

Centenas de imigrantes africanos fugiram da cidade rural de Rosarno, região subdesenvolvida ao sul da Calábria, em trens, carros e caravanas de ônibus organizadas por autoridades locais após um fim de semana de violência. O estopim dos confrontos foi a morte de dois imigrantes em um susposto ataque racista.

Os confrontos entre imigrantes, residentes locais e policiais de Rosarno deixaram ao menos 60 feridos. Três imigrantes foram severamente espancados com barras de metal e se encontram em estado grave.

Policiais fazem cordão de isolamento durante protesto de imigrantes na Itália / AP

A violência “é extremamente preocupante, pois revela graves e profundos problemas do racismo contra os trabalhadores imigrantes”, afirmou Jorge Bustamante, relator especial da ONU sobre direitos dos imigrantes.

Nesta terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Egito pediu ao governo italiano para proteger os imigrantes e minorias contra a discriminação generalizada.

“A última onda de violência foi um exemplo de vários tipos de violações de direitos dos imigrantes e das minorias na Itália, incluindo as minorias árabes muçulmanas”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito, Hossam Zaki.

O Ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, disse que o Egito não pode alegar que seus cidadãos são vítimas de discriminação no país europeu. Ele negou qualquer motivação religiosa por trás dos confrontos, segundo a agência de notícias ANSA.

 

Tensão contra imigrantes

 

Os confrontos começaram na última quinta-feira quando uma gangue de jovens brancos num carro usou um rifle para atirar num grupo de imigrantes africanos que voltava do trabalho nas fazendas, matando dois deles.

Há aproximadamente 8 mil imigrantes ilegais na Calábria. A maioria trabalha na colheita de frutas e verduras. Os imigrantes em situação irregular correm o risco de serem expulsos para seu país de origem, e as autoridadejá s começaram a demolir suas casas improvisadas em Rosarno neste domingo.

Muitos vivem em fábricas abandonadas sem água corrente ou eletricidade, e grupos de defesa dos direitos humanos dizem que eles são explorados pela ‘Ndrangheta, a organização mafiosa mais poderosa da Itália.

O governo de Silvio Berlusconi tem adotado uma postura de linha-dura contra a imigração ilegal e tem tentado impedir a chegada de imigrantes africanos que chegam à Itália em barcos vindos da África.

Alguns barcos foram enviados de volta ao mar aberto, o que levou a agência de refugiados das Organização das Nações Unidas a criticar o governo italiano. A Comissão Europeia também se disse preocupada com a política dos italianos.

Fonte: Último Segundo

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