Hoje, 28 de agosto, está fazendo 60 anos de uma das maiores manifestações antirracistas que se tem notícia na história da humanidade. Era uma quarta-feira quando cerca de 250 mil pessoas “marcharam” sobre Whashington.
No entorno do famoso espelho d’água no National Mall bradaram por direitos civis e equidade racial para os negros, e ouviram o reverendo Martin Luther King discursar sobre o sonho de que seus filhos um dia vivessem numa nação que não julgasse as pessoas pela cor da pele. Um sonho que ainda está longe de se tornar realidade…
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No Brasil, porém, na quinta-feira passada (24) os movimentos sociais negros deram uma demonstração de que a nossa sociedade –que é majoritariamente negra (pretos e pardos somam 56% da população, segundo o IBGE)– também tem disposição para sair às ruas e protestar contra a violação de direitos humanos e constitucionais.
Foi o que se viu na Jornada dos Movimentos Negros Contra a Violência Policial. Apesar das estratégias de dominação adotadas no país desde o período colonial – em especial a privação de meios básicos de ascender cultural e socialmente, o impede que a capacidade de mobilização seja proporcional ao total de afetados pelas desigualdades –, o ato foi nacional.
Organizada depois das mortes de pelo menos 32 pessoas na BA, 22 em SP e 10 no RJ, em julho e agosto, a mobilização reuniu pessoas em Brasília e em outras 24 capitais. Quem encarou o frio ou o sol a pino na data da morte de Luiz Gama, intelectual negro do século 19, ex-escravizado, líder abolicionista, poeta, jornalista, advogado, tem de ser valorizado.
Como sabiamente observou meu amigo e professor Ivair Augusto Alves dos Santos, “há muito tempo não havia negros se mobilizando nacionalmente.” Independentemente da cor da pele, como disse o reverendo King, o silêncio dos bons é o mais assustador.
Até quando vamos nos conformar em seguir apenas sonhando?