Oxfam se pronúncia sobre casos de abuso sexual

Os casos de abuso sexual envolvendo integrantes da Oxfam Grã Bretanha são revoltantes e inadmissíveis, e devem ser condenados sem contemporização. É preciso reconhecer os erros cometidos. Os casos denunciados não foram tratados com a rigidez necessária e nem foram tomadas as medidas cabíveis. É preciso não apenas pedir desculpas às vítimas de assédio e abuso sexual, mas principalmente tomar providências para que isso não volte a ocorrer.

Por Jorge Henrique Cordeiro  enviado para o Portal Geledés 

Andres Martinez Casares/Reuters

A Oxfam Brasil acredita que momentos de crise como este exigem o máximo de transparência e ações concretas e imediatas. Está sendo feito um trabalho com as demais afiliadas para que os fatos sejam divulgados de forma irrestrita. Uma comissão independente para investigação externa está sendo formada para a identificação dos erros cometidos e a prevenção de futuros casos. Os procedimentos de recrutamento também estão passando por um processo de revisão, o qual poderá contribuir para o aperfeiçoamento do setor de ajuda humanitária internacional.

Esse contexto exige a renovação de políticas, práticas e lideranças. Não pode haver espaço na Oxfam para quem abusa da posição de poder e da confiança de milhares de pessoas, nem para quem tem a obrigação de agir e não o faz.

Mas não se deve perder o horizonte da verdadeira força motriz da Oxfam – uma organização formada por milhares de pessoas ao redor do mundo comprometidas em salvar vidas, erradicar a pobreza, reduzir as desigualdades e lutar para uma vida melhor para todos.

Sobre o episódio referente a Juan Alberto Fuentes Knight, a Oxfam Brasil considera que seu indiciamento e prisão provisória na Guatemala tornou insustentável sua permanência no cargo de presidente do Conselho da Oxfam Internacional, ainda que o caso seja do período anterior ao seu mandato com a organização.

A Oxfam Brasil reforça seu compromisso com a luta contra a exploração de pessoas em situação de vulnerabilidade e a defesa da justiça de gênero.

Espera-se que esse doloroso momento indique um caminho de fortalecimento de uma organização com mais de 70 anos, presente em cerca de 90 países, com mais de 10 mil funcionários e 50 mil voluntários, salvando incontáveis vidas ao longo de sua história. Atualmente a Oxfam está operando em mais de 30 situações de emergência pelo mundo, dos conflitos armados na Síria e Iêmen a desastres naturais na Índia e fome extrema no Sudão do Sul, provendo água limpa para beber, saneamento básico e apoio a famílias que perderam tudo o que tinham. Só na Síria, Jordânia e Líbano a Oxfam está atendendo cerca de 2 milhões de pessoas. É pensando nessas pessoas que a  Oxfam tem a obrigação de ser maior do que seus erros.

 

 

** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.

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