Policia Civil: BH terá núcleo contra racismo e intolerância

Grupo é o primeiro passo para criação de delegacia especializada no Estado

 

BERNARDO MIRANDA
A partir da próxima terça-feira, a Polícia Civil de Minas Gerais vai contar com um núcleo voltado para atender pessoas vítimas de crimes de intolerância e racismo. A ação é o primeiro passo para a criação da Delegacia Especializada em Crimes Raciais e de Intolerância (Decradi), que já existe em outros Estados, mas ainda não virou realidade aqui em Minas.

O anúncio foi feito ontem pelo superintendente de investigação da Polícia Civil, delegado Jeferson Botelho, durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para discutir os recentes casos de racismo e discriminação, além da atuação de skinheads neonazistas em Belo Horizonte.

Botelho disse na audiência que a equipe necessária para atuar no núcleo já está montada e já seria suficiente para integrar a futura Decradi, mas ponderou que a instalação da delegacia especializada depende ainda de um espaço físico e de recursos previstos no orçamento do Estado.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, deputado estadual Durval Ângelo, elogiou a criação do núcleo e já encaminhou o primeiro pedido de investigação para os policias civis. “Queremos que seja averiguada de forma profunda a atuação de grupos neonazistas aqui em Minas Gerais nas redes sociais”, afirmou o deputado, que juntamente com outros parlamentares aprovou requerimento que prevê a apresentação de emenda no orçamento do Estado para o ano que vem com destinação de recursos para a criação da Decradi.

Também participou do encontro o presidente da Federação Israelita de Minas Gerais (Fisemg), Marcos Brafman, que novamente justificou a criação da Delegacia Especializada em Crimes Raciais e de Intolerância, diante do número de ocorrências desse tipo.

Em 2012 , foram 182 casos casos de racismo ou crimes de intolerância em Minas, e, neste ano, já houve o registro de 62 ocorrências. Entre elas, está o caso do skinhead Antônio Donato Baudson Peret, que divulgou foto no Facebook enforcando um catador de material reciclável, na Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ele e o amigo Marcos Cunha permanecem presos na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana.

Experiência frustrada. Em 1990, a Polícia Civil de Minas chegou a ter uma delegacia especializada em racismo, mas foi fechada por falta de demanda. O motivo teria sido falha na divulgação à época.

 

Fonte: O Tempo

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