Polícia conclui que Seu Jorge foi alvo de racismo no RS, mas não identifica autores

Cantor fazia show em Porto Alegre quando foi chamado de "macaco", além de pessoas imitarem o som do animal

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu o caso que investigava atos de racismo contra o cantor Seu Jorge, em um show realizado em Porto Alegre, no dia 14 de outubro deste ano.

Dois meses após a denúncia, as investigações confirmaram que o artista foi alvo de ofensas raciais, mas os autores do crime não foram identificados.

De acordo com a delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Combate à Intolerância, a pluralidade de vozes nos trechos de áudios do show analisados pela investigação, impediram a identificação.

Além disso, as imagens da plateia também não ajudaram devido à perspectiva que foram registradas. Apesar disso, testemunhas confirmaram ter ouvido as ofensas racistas, portanto, há materialidade, mas não é possível atribuir a autoria a uma pessoa física.

Ao todo, 17 pessoas foram ouvidas, entre testemunhas que estavam na plateia, profissionais do clube e o próprio cantor Seu Jorge.

Durante a coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira (16), a delegada relatou ter pouquíssimas imagens da plateia. “As poucas [imagens] que temos, foram de momentos bons do show. As testemunhas não conheciam os ofensores e deram informações que poderiam se enquadrar em várias pessoas presentes ali no evento”.

Por isso, a delegada afirma que a conclusão é que houve a materialidade, mas não tem uma pessoa física para atribuir a autoria dessas ofensas.

O clube em que foi realizada a apresentação não será responsabilizado.

A CNN pediu posicionamento à assessoria de imprensa de Seu Jorge e aguarda retorno.

Ofensas

Seu Jorge se apresentou do dia 14 de outubro no Grêmio Náutico União, tradicional clube de Porto Alegre, quando foi chamado de “macaco”, além de pessoas terem imitado o som do animal, segundo a polícia.

No dia 26 de outubro, Seu Jorge prestou depoimento por meio de vídeo à Polícia Civil de RS.

No depoimento, o cantor diz não ter ouvido as ofensas racistas, até mesmo porque estava com fone, com a questão do retorno do som ao palco.

A delegada disse que ele ficou sabendo através das redes sociais. Disse ainda que o artista resolveu não voltar para o “bis” em razão das vaias altas que recebeu logo que saiu do palco.

Em sua conta no Twitter, o cantor postou uma mensagem junto à imagem da bandeira do Rio Grande do Sul, agradeceu a solidariedade que recebeu e fez questão de dizer que respeita a população da região Sul do país.

Por fim, convocou “uma aliança contra todo tipo de descriminação e preconceito no nosso amado país”.

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