Professora denuncia aluno por injúria racial após estudante escrever ‘preto não é gente’ em folha de papel

Enviado por / FonteG1, por Thauany Melo

De acordo com o delegado, as ofensas ocorreram em abril e maio deste ano. Adolescente vai responder por ato infracional análogo ao delito de injúria racial.

Uma professora denunciou um estudante de 14 anos à polícia após ele escrever “preto não é gente” em uma folha de papel, em uma escola de Orizona, na região sul de Goiás. Segundo o delegado responsável pelo caso, Kennet de Souza, o adolescente vai responder por ato infracional análogo ao delito de injúria racial.

Como os nomes não foram divulgados, o g1 não conseguiu localizar a defesa do adolescente.

De acordo com o delegado, as ofensas ocorreram em abril e maio deste ano. Além de “preto não é gente”, o estudante teria escrito outras frases ofensivas.

Casos de racismo e injúria racial em Goiás

Os casos de racismo em Goiás mais do que triplicaram entre 2021 e 2022, de acordo com o Anuário de Segurança Pública divulgado em 2023. Em 2021, o estado registrou 51 casos. Já em 2022, esse número aumentou para 179.

Os casos de injúria racial também tiveram um aumento de cerca 48%, com 576 casos em 2021 e 865 em 2022.

Ao g1, o delegado Joaquim Adorno, titular do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), explicou que o crime de racismo é entendido como uma ofensa discriminatória contra um grupo ou coletividade, enquanto a injúria racial é a ofensa à dignidade ou ao decoro com utilização palavras depreciativas referentes à raça, cor e origem.

“Por causa dessa diferença saiu separado no anuário. Mas é importante a gente entender que, desde 2020, isso [injúria racial] também é considerado racismo”, destacou o delegado.

A delegada adjunta do Geacri, Carolina Neves, complementou que o aumento nas denúncias de casos de racismo está relacionado à difusão de conhecimento sobre o assunto e empoderamento da comunidade. “Observamos que a população vem tomando consciência sobre as mazelas históricas e sociais geradas pelo racismo estrutural e, consequentemente, reivindicando direitos”, disse a delegada.

“É importante lembrar que a conscientização efetiva da sociedade depende que todos assumam práticas antirracistas”, ressaltou a delegada Carolina Neves.

+ sobre o tema

‘O Beto podia ter sido eu’: clientes relatam tensão e agressões em lojas

A divulgação das imagens que mostram João Alberto Silveira Freitas...

Figurinista é vítima de ataque racial por ter cabelo black power

Foto de Larissa Dias com ataques e ofensas racistas...

para lembrar

Polícia identifica acusado de fazer ofensas racistas à cantora Ludmilla

Um dia após a cantora Ludmilla, do hit ‘É...

Grupo Zaffari é condenado a pagar indenização de R$ 60 mil por racismo

A rede de supermercados Zaffari foi condenada a pagar 60...

“Defrontamo-nos com a feroz urgência do agora” – Luther King é bom para a Humanidade

Na última terça-feira, 4 de abril, celebrou-se e problematizou-se...

De azul ou de rosa, crianças negras na linha de tiro do Estado genocida

Qualquer pessoa que tenha perdido uma criança na família...
spot_imgspot_img

Vocês estão errados

“Até que a Filosofia que mantém uma raça superior e outra inferior seja finalmente e permanentemente desacreditada e abandonada, em todo lugar haverá guerra....

Tímida, decisão do STF não enfrenta punitivismo racista

Todas as vitórias são agridoces, e esta não é uma exceção. A decisão do STF que descriminaliza o porte de maconha para uso pessoal é, ao mesmo tempo,...

Em Portugal, ministra Anielle Franco fortalece cooperação bilateral para igualdade racial e combate à intolerância

A ministra da igualdade racial, Anielle Franco, iniciou sua agenda oficial em Portugal, nessa terça-feira (25), com a missão de fortalecer as cooperações entre...
-+=