Quando percorremos a América Latina através da sua história, das suas manifestações culturais, sociais, políti

Quando percorremos a América Latina através da sua história, das suas manifestações culturais, sociais, políticas, linguísticas e étnicas, salta imediatamente à vista a componente populacional afro-descendente com um legado evidente na América Latina. No entanto, esta influência e existência geralmente não é reconhecida, não só no âmbito cultural e intelectual mas também nas políticas de estado dirigidas a esta população. No melhor dos casos, o reconhecimento é breve e pouco específico. Esta é a razão pela que falamos da “invisibilidade da população afro-latino-americana” e a razão pela que no PNUD e em outros organismos internacionais trabalhamos para reconhecer esta existência multicultural e étnica dos nossos povos, e para reparar esta brecha e criar pontes de entendimento.

A invisibilidade não só se reduz a variáveis numéricas, estendendo-se também a modos de vida, costumes, ritos, contribuições artísticas, científicas, culturais e ideológicas.

É uma invisibilidade que abrange uma boa parte da nossa sociedade, e identidade. É por isso que no PNUD entendemos que este obstáculo da invisibilidade é um dos principais a ser derrubados.

Assim, as organizações internacionais que colaboram nesta publicação destacam não só a importância deste reconhecimento mas a necessidade de fortalecer as organizações de afro-descendentes como atores sociais e políticos.

Esta investigação surge então a partir deste desígnio, com o objetivo de tornar visível, de procurar, de encontrar e de apoiar as populações afro-descendentes na América Latina, começando pelo estado atual das suas organizações. Quisemos saber quais são as suas atividades, os seus objetivos, o seu relacionamento com o resto do sistema e as suas necessidades. O que apresentamos hoje são os resultados dessa investigação.

Neste âmbito, e como uma iniciativa que responde ao mesmo objetivo de fortalecer a população afrodescendente, outra das atividades empreendidas pelo PNUD e pela SEGIB, com o apoio da União Europeia, é o projeto regional “População Afro-Descendente da América Latina”, cujo objetivo geral é o fortalecimento das organizações da população afro-latino-americana, para assim alcançar o exercício dos seus direitos.1

 

Pensou-se precisamente em realizar a presente investigação quando se estava a conceber o projeto mencionado, com o objetivo de recolher dados sobre a realidade da população afro-descendente, para criar um projeto conforme as necessidades dessa população. Deste modo, os resultados desta investigação que hoje é dada a conhecer foram essenciais na criação do Projeto Regional “População Afro-Descendente da América Latina”.

 

Uma vez mais, através desta investigação é possível verificar que o desenvolvimento desigual nas nossas sociedades é o germe da pobreza. A pobreza na América Latina tem rostos. E tem rosto de mulheres, de indígenas, de crianças, de afro-descendentes, porque a pobreza não afeta todos por igual, e a desigualdade é também protagonista na pobreza que assalta a nossa região. Falamos de pobreza não só em termos socio-económicos, caracterizada pela falta de acesso a níveis mínimos de rendimentos, mas também da impossibilidade de exercer plenamente a cidadania na medida em que não se ostenta a titularidade de direitos sociais e de participação.

É por isso, como disse anteriormente, que nós entendemos o desenvolvimento como um crescimento integrado em termos sociais e sustentável em termos ambientais, que tenda à construção de tecidos sociais que permitam incentivar sociedades mais equitativas. Quando a realidade de uma região é a interculturalidade, a cidadania deve ser forjada na heterogeneidade. Por isso, queremos e devemos tentar construir um projeto comum a partir da diversidade.

 

 

Relatório sobre as organizações negras da America Latina, produzido pelo PNUD e a SEGIB. Pelo que fui informada, o mesmo deve servir de base para o Projeto Regional “Población Afrodescendiente en América Latina” (http://www.afrodescendientes-undp.org ).

 

Leia na integra

+ sobre o tema

Jay-Z anuncia tracklist de coletânea de melhores hits

Após anunciar que vai lançar uma coletânea com os...

Escola de percussão na Maré oferece esperança de futuro sem violência

Projeto, que acontece desde 2011, já formou cerca de...

Sua Majestade o Samba

O termo samba, desde o século XVIII, já era...

Florianópolis receberá curso gratuito sobre a arte negra

Encontro será neste sábado (21) na Fundação Cultural Badesc Do...

para lembrar

Elicarlos se diz preparado para insultos racistas na Argentina

Fonte: Terra Notícias - Depois de ter acusado...

Respect: A História de Aretha Franklin – estreia, elenco, trailer, escolhas e tudo que você precisa saber

Após sucessos de bilheteria como Ray(2004), Bohemian Rhapsody (2018) e Rocketman (2019),...

Projeto piauiense, chamado Quilombo Mimbó, é premiado no Brasil

    O grupo de dança Quilombo Mimbó, de Amarante, foi...

“Os ODS são parte duma máquina de infantilização dos nossos países” – Elísio Macamo

Elísio Macamo nasceu e cresceu em Moçambique. Professor catedrático...
spot_imgspot_img

Gilberto Gil anuncia aposentadoria dos palcos após série de shows em 2025

Gilberto Gil vai se aposentar dos palcos no ano que vem, confirmou sua assessoria de imprensa neste sábado (29). Aos 82 anos, o cantor e...

Festival de cultura afro abre inscrições gratuitas para vivências artísticas no Recife

O Ibura, terceiro maior bairro localizado na Zona Sul do Recife, onde estão concentrados mais de 70% da população autodeclarada negra ou parda, abre...

Autores negros podem concorrer a prêmio com romances inéditos

Novos autores negros com romances inéditos ainda podem participar do Prêmio Pallas de Literatura 2024, cujas inscrições foram prorrogadas até as 15h do dia...
-+=