Reprodução social e financeirização

Há muito que as economistas feministas vêm chamando a atenção para as questões da reprodução social, isto é, para as relações sociais e as atividades envolvidas na reprodução dos seres humanos e da sua força de trabalho. Por Ana Santos, que estará no Fórum Socialismo 2018

Do Carta Maior

Foto: Reprodução/Carta Maior

Esta agenda contribuiu para importantes conquistas sociais nas áreas do trabalho e da provisão social, reconhecendo-se, coletivamente, o papel social desempenhado pelas mulheres e tentando equilibrar a distribuição de responsabilidades entre a família, as empresas e o Estado.

Contudo, descriminação e desigualdades salariais entre homens e mulheres persistem no domínio laboral. Parece até que estamos a assistir a um retrocesso social perante as reformas laborais regressivas, as muitas insuficiências na provisão pública, nomeadamente no apoio à infância e nos cuidados aos idosos, e a degradação da provisão em áreas que conheceram avanços substanciais, caso da saúde.

A falta de atenção a este tipo de questões, tanto na academia, como no debate público, reflete desigualdades de género mais vastas, e mais profundas, que invisibilizam os fardos que a crescente desresponsabilização coletiva pela provisão social ainda impõe às mulheres e as suas consequências sobre as famílias e a sociedade em geral.

Nesta sessão [a que Ana Santos apresentará no Fórum Socialismo, em Leiria], propõe-se discutir a pertinência da agenda feminista, de inspiração marxista, na atualidade, detendo-se nos impactos, em termos de género, da financeirização da reprodução social.

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