Há muito que as economistas feministas vêm chamando a atenção para as questões da reprodução social, isto é, para as relações sociais e as atividades envolvidas na reprodução dos seres humanos e da sua força de trabalho. Por Ana Santos, que estará no Fórum Socialismo 2018
Do Carta Maior
![](https://ea9vhhuzko5.exactdn.com/wp-content/uploads/2018/08/B6D90A03CE2C2B57760858B7BCF0E51C2544202503DF05D0DB2B068B5A84B306-480x320.png?strip=all&lossy=1&quality=90&webp=90&avif=80&ssl=1&fit=480%2C320)
Esta agenda contribuiu para importantes conquistas sociais nas áreas do trabalho e da provisão social, reconhecendo-se, coletivamente, o papel social desempenhado pelas mulheres e tentando equilibrar a distribuição de responsabilidades entre a família, as empresas e o Estado.
Contudo, descriminação e desigualdades salariais entre homens e mulheres persistem no domínio laboral. Parece até que estamos a assistir a um retrocesso social perante as reformas laborais regressivas, as muitas insuficiências na provisão pública, nomeadamente no apoio à infância e nos cuidados aos idosos, e a degradação da provisão em áreas que conheceram avanços substanciais, caso da saúde.
A falta de atenção a este tipo de questões, tanto na academia, como no debate público, reflete desigualdades de género mais vastas, e mais profundas, que invisibilizam os fardos que a crescente desresponsabilização coletiva pela provisão social ainda impõe às mulheres e as suas consequências sobre as famílias e a sociedade em geral.
Nesta sessão [a que Ana Santos apresentará no Fórum Socialismo, em Leiria], propõe-se discutir a pertinência da agenda feminista, de inspiração marxista, na atualidade, detendo-se nos impactos, em termos de género, da financeirização da reprodução social.