Seppir: ministra defende política de comunicação étnico-racial para fortalecimento das mídias negras

Referenciar a grande imprensa e instituições desmitificando aspectos da cultura negra nos seguimentos tradicionais é uma das propostas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) para a gestão que tem como lema “Brasil, Pátria Educadora”. De acordo com a ministra Nilma Lino, para que a ideia se concretize, o caminho é a construção de uma política de comunicação étnico-racial, em que a participação da Fundação Cultural Palmares (FCP/MinC), entre outros órgãos, é de fundamental importância.

Por Daiane Souza Do Palmares

O assunto foi tratado durante encontro com comunicadores e mídias negras, realizado pela Secretaria nesta quarta-feira (8), sobre a pauta racial nos veículos de comunicação. Segundo a ministra, já existe esforço entre as instituições e o Ministério da Cultura com o objetivo de definir as ações a serem realizadas ao longo da gestão.

Reeducação social – As falas da ministra foram orientadas pelas perguntas de jornalistas que participaram presencial e virtualmente da coletiva. Para Nilma, as mídias podem ser estratégicas à superação das desigualdades, empoderando as populações negras e indígenas a partir de espaços de voz e visibilidade.

A ministra considera que enquanto formadores da opinião pública, os veículos de comunicação ocupam um papel importante que deve ser levado em consideração nas estratégias de enfrentamento ao racismo. Em reconhecimento à atuação dos comunicadores de mídia étnica, enfatizou que a comunidade negra organizada tem ajudado a reeducar o país.

“Na sociedade, os processos nem sempre são somente educativos, eles também deseducam. Ainda temos muito o que avançar em termos de educação de um  modo geral”, disse a ministra. “Nesse processo é importante contarmos com o poder educativo atuante que a mídia tem”, completou.

Desafios – Sobre a grande imprensa, Nilma enfatizou que esta é motivada pelos mais diversos interesses e que cada um dos veículos de comunicação representa uma força social, “Nesse sentido, a Seppir tem clareza de que força ela representa e quer contribuir para a visibilidade das realidades enfrentadas pelas populações negras, geralmente noticiadas pelas mídias étnicas”, explicou.

Questionada sobre o financiamento das mídias negras, Nilma respondeu que é interesse da Seppir fortalecê-las abrindo frentes ao papel da comunicação social. “A proposta é desmitificar as mídias negras como espaços de denúncias. Elas também produzem conteúdos e educam para além do racismo”, destacou.

Quanto às limitações em torno das mídias alternativas, a ministra afirmou que o primeiro passo no que compete à Seppir é o mapeamento dos processos sociais deseducativos construídos ao longo da história. “A cultura carrega dentro de si educação, economia, política. Por isso as questões raciais devem ser estudadas em cada área”, disse. “A ideia é que, da Seppir, o diálogo siga não somente com a Cultura, mas com todos os ministérios”, concluiu.

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